Ups. Canal Parlamento transmite reunião informal da Caixa por engano
Os deputados da comissão de inquérito à Caixa estavam a ter uma reunião informal que foi transmitida por engano no Canal Parlamento. Luís Leite Ramos mandou interromper e apagar a gravação.
Não era uma reunião secreta, mas uma reunião informal que os coordenadores dos vários partidos convocaram para tentar chegar a um consenso prévio sobre as recomendações e as conclusões que vão constar do relatório da II Comissão de Inquérito à Recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e à Gestão do Banco.
A reunião formal para discutir as propostas de alterações dos vários partidos ao relatório produzido por João Almeida iria ter lugar às 15h00, — entretanto foi adiada para as 16h00, — mas o Canal Parlamento começou a transmitir o encontro muito antes, sem conhecimento dos deputados presentes na sala.
O ECO assistiu a uma parte dessa transmissão, e era visível um certo grau de informalidade por parte dos deputados, pouco usual em reuniões com transmissão televisiva. Alguns coordenadores usaram inclusive uma linguagem mais livre e descontraída, como “so what?” ou “sem stress”.
Já depois de uma discussão mais acalorada e uma troca de ideias sobre uma proposta de alteração do PSD para acrescentar a expressão “gestão danosa” no relatório final, — Fernando Rocha Andrade do PS mostrou-se frontalmente contra — o deputado do PCP Paulo Sá interrompe a reunião para dizer o seguinte: “Senhor Presidente, isto está a ser transmitido na AR TV”.
Segue-se um silêncio sepulcral. Ouve-se de seguida uma voz, que se deduz ser de uma funcionária do Parlamento, a dizer: “Na parte online. Os jornalistas é que avisaram que não podem entrar e vieram avisar deste facto. Estão a ver tudo pelo [palavra impercetível].”
Perante o espanto generalizado dos deputados, o presidente da Comissão Luís Leite Ramos toma a palavra: “Peço desculpa para vos dar a informação completa. Nós fomos avisados há algum tempo de que havia essa questão. Eu não quis interromper ou criar grandes preocupações, mas tomámos imediatamente a decisão de pedir para cancelar a transmissão e vamos pedir para apagar a gravação”.
Mas a verdade é que a transmissão continuava. E foi isso mesmo que fez notar João Almeida do CDS: “Está ali ainda uma câmara a filmar”. A transmissão foi, então, interrompida.
Numa resposta por escrito ao ECO, Francisco Feio, Coordenador do Canal Parlamento, explica que, “por regra, o Canal Parlamento não transmite as reuniões de mesa e coordenadores. No caso em apreço, a reunião da Comissão estava originalmente agendada para as 14:00 e a reunião de mesa e coordenadores estava marcada para as 19:00. Iniciámos a transmissão convictos de que se tratava de reunião da Comissão e quando confirmámos que era, efetivamente, reunião de mesa e coordenadores — reunião de trabalho interno da comissão e não pública –, foi naturalmente interrompida a transmissão”.
Certo é que, do que foi possível visualizar da reunião, a proposta do PSD sobre a “gestão danosa” não deverá constar no relatório final, e o deputado Duarte Pacheco — que até deu o exemplo de Camarate para concluir que é possível aos deputados incluírem nos relatórios das comissões factos que indiciam um crime — aparentemente estava aberto a mudar a formulação de “gestão danosa” para, por exemplo, “gestão irracional”.
(Notícia atualizada às 17h53, com a resposta do Coordenador do Canal Parlamento ao ECO)
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