CP vai demorar dez anos para “recuperar pontualidade”, diz ex-presidente

  • ECO
  • 27 Julho 2019

O ex-presidente da CP diz ter sido desrespeitado ao ser afastado da empresa antes de terminar o mandato. Diz ainda que na ferrovia, o país está "ao nível da Roménia e da Bulgária".

Está tudo por fazer na CP – Comboios de Portugal, diz o ex-presidente, Carlos Nogueira, afastado da empresa antes do fim do mandato. Agora, a empresa vai precisar de dez anos até voltar à normalidade, recuperando dos atrasos e a confiança das pessoas. Atualmente, disse em entrevista ao Expresso, na ferrovia, o país está “ao nível da Roménia e da Bulgária”.

Falando claro, eu não me demiti. A minha forma de estar não se compagina com deixar coisas a meio. Estava preparado para chegar ao final do mandato“, começou por dizer Carlos Gomes Nogueira, depois de ter sido afastado pelo Governo da liderança da CP, sendo substituído por Nuno Freitas. “Tenho a consciência tranquila de que ao longo destes dois anos fiz o melhor que podia e sabia, com uma dedicação integral para garantir a robustez e a sustentabilidade da CP”, continuou.

Dizendo-se “surpreendo” por essa decisão do Executivo, diz que, contrariamente ao que foi noticiado, não tinha “divergências estratégicas com o Ministério das Infraestruturas sobre a recuperação do material circulante”. Ainda assim, diz “concordar na íntegra” com a estratégia delineada pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

Questionado sobre quem tem a responsabilidade pelo desinvestimento na ferrovia, o ex-presidente da CP aponta o dedo aos “sucessivos Governos”. “Se se continuar a manter o foco e o investimento no setor ferroviário vamos demorar dez anos, pelo menos, a recuperar para bons níveis de pontualidade, regularidade e fiabilidade, mas ainda assim estaremos longe dos países desenvolvidos — estamos a anos-luz de Espanha” e “estamos ao nível da Roménia e da Bulgária, que é um nível baixíssimo”.

Olhando para trás, diz ter deixado a empresa com “tudo por fazer”. “Não se pode andar no faz e desfaz. A CP não é uma empresa, é uma organização indefinida. Porque tem um acio­nista que muda de acordo com o ciclo político, o que é bom, porque estamos em democracia, mas esses ciclos políticos alteram profundamente a estratégia da CP”.

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