Sherlock. Esta startup quer “acabar” com as comissões imobiliárias variáveis

Proptech tem uma taxa fixa de 3.999 euros pensada para potenciar o nível de poupança dos vendedores imobiliários. A startup quer gerir 5% do mercado português nos próximos três anos.

Sherlock quer expandir o negócio para Cascais, Porto, Algarve e para o resto do país até final do ano. Na fotografia, os fundadores Chris Wood, James Coop, Philip Ilic e Tariq El Asad.D.R.

Há um new kid in the block no setor das startups imobiliárias, chamadas proptech, em Portugal. Chama-se Sherlock e, ao contrário do que é prática corrente no mercado — retira-se uma comissão baseada em percentagem da venda –, criou uma taxa fixa para os vendedores imobiliários de maneira a que estes possam poupar dinheiro de cada vez que vendem uma casa.

“Analisámos muitos modelos diferentes de negócios imobiliário com base na tecnologia (…) e sentimos que a taxa fixa é o business model mais justo e transparente, bem como o mais robusto. Queríamos uma estrutura com uma taxa baixa e fácil de entender e, por isso, escolhemos um modelo de negócios de taxa fixa. Um grande problema que encontrámos no setor imobiliário em muitos países, incluindo Portugal, é o facto de ser muito complicado e muito lento, e por isso, um dos princípios centrais da Sherlock era torná-lo o mais simples e transparente possível”, conta Phil Ilic, cofundador da Sherlock, ao ECO.

Lançada em novembro do ano passado, em pleno Web Summit, a ideia dos quatro cofundadores partiu de experiências próprias: todos eles tinham comprado ou vendido propriedades em Portugal. “Ficávamos muito insatisfeitos com o serviço de oferta e, especialmente, com o custo muito elevado da venda de um apartamento. A indústria imobiliária em Portugal geralmente cobra 5% mais IVA, que equivale a 16.000 euros de taxas, em média, por casa em Lisboa. Consideramos que este não seria um preço justo tendo em conta que refletia o baixo valor de oferta”, detalha Phil Ilic.

Foi aí mesmo que surgiu a missão da empresa, com foco na verdadeira experiência do cliente: encontrar formas inovadoras e utilizar a tecnologia para diminuir taxas de transação. “Acreditamos que estamos no caminho certo para atingir estes objetivos com as nossas avaliações consistentes de 5 estrelas e pelo facto de pouparmos aos vendedores mais de 75% em taxas de transações quando efetuam as suas vendas pela Sherlock”, detalha. De acordo com estimativas da empresa, os vendedores poupam, em média, cerca de 12.000 euros por ano.

Portugal é também um grande ponto de partida para startups com planos de expansão no resto da Europa, pois é pequeno o suficiente para testar produtos, aprender rapidamente e refinar a oferta antes de distribuir os nossos serviços para outros países.

Phil Llic

Cofundador da Sherlock

Transparência e poupança

O modelo de negócio da Sherlock baseia tecnologicamente os pontos problemáticos num processo de compra ou venda de imóveis: reduz o processo passo a passo e concentra-se em tornar cada fase mais simples e eficiente para os clientes. “Existem soluções simples, como a câmara 3D que usamos em cada propriedade que é depois inserida no sistema da Sherlock. O 3D permite que os compradores explorem completamente um apartamento em que possam estar interessados, através do seu computador ou telefone, e somente se ainda estiverem interessados, agendem uma consulta para visualizá-lo através da reserva instantânea. Isso poupa muito tempo a todos os envolvidos, desde o comprador até ao vendedor e ao agente que gere a propriedade”, explica o responsável. Mas esta solução não é a única: a Sherlock desenvolveu uma ferramenta de avaliação instantânea de inteligência artificial — disponível no website da startup — que poupa tempo e torna a avaliação mais transparente. “Temos soluções como esta em cada etapa do processo, algumas mais percetíveis do que outras e, por último, todas elas resultam numa experiência mais simples e eficiente para compradores e vendedores”, explica o empreendedor.

Desde o lançamento, a plataforma, a Sherlock tem 80 apartamentos de vendedores assinalados e a expectativa de chegar aos 200 até ao final do ano. A empresa já vendeu propriedades em São Bento, Almada, Costa da Caparica, Algés, Laranjeiras, Estefânia, entre outros.

“A nossa procura até agora é mais do que podemos suportar, mas estamos propositadamente a aceitar apenas a quantidade de apartamentos com a qual sabemos que conseguimos oferecer uma experiência incomparável ao cliente. Estamos na fase em que estamos a construir a nossa capacidade — treinando colaboradores e construindo a tecnologia — para podermos lidar com milhares de apartamentos todos os anos, o que julgamos ser a nossa procura em 2020 para o Sherlock, em todo o país”, explica o responsável.

Com um investimento inicial de 400 mil euros, a startup está, neste momento, a tentar levantar uma ronda de financiamento Série A, que espera ter concluída no início de 2020. Durante os próximos três anos, a Sherlock quer conquistar 5% do mercado nacional e, com isso, estima que a poupança anual para vendedores nacionais será de 35 milhões de euros. A empresa quer expandir os seus serviços para o Porto, Algarve e para o resto de Portugal nos próximos meses, e para sul da Europa em 2020.

Lisboa como estratégia

Com sede em Lisboa, a escolha da capital portuguesa para lançar o negócio foi, mais do que uma casualidade, um passo de estratégia: a força de trabalho altamente qualificada, oportunidades de financiamento como o Fundo 200M e… o sol foram alguns dos fatores que contaram e muito na decisão. “Portugal é também um grande ponto de partida para startups com planos de expansão no resto da Europa, pois é pequeno o suficiente para testar produtos, aprender rapidamente e refinar a oferta antes de distribuir os nossos serviços para outros países”, justifica.

Os quatro fundadores estão também sediados em Lisboa, com um deles a gerir uma boutique imobiliária tradicional na cidade, e dois outros estão por detrás do primeiro cinema rooftop de Lisboa, a Cine Society.

Comprar e vender numa plataforma

Depois do lançamento no mercado em novembro de 2018, a Sherlock apresenta agora uma novidade: o lançamento de uma ferramenta de inteligência artificial de avaliação instantânea de propriedade para vendedores. Nos planos para os próximos meses estão upgrades às funções tecnológicas para que o processo de venda ou compra de propriedade seja mais simples e acessível.

Através da plataforma MySherlock, a startup pretende criar o fio condutor para o processo para os compradores e vendedores: através do registo, o utilizador pode receber uma avaliação através de inteligência artificial da sua propriedade, gerir todos os seus documentos em apenas um local, e com apenas um clique, ter a sua casa presente em mais de 40 portais de propriedades. De acordo com dados da empresa, a Sherlock assegura que o sistema vende uma propriedade em metade do tempo normal que, em média, é de seis meses. “O tempo mais rápido de retorno deve-se ao desejo de diminuir as ineficiências numa indústria que viu muito poucas mudanças em décadas”, justifica a empresa em comunicado.

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