Costa Pinto diz BdP devia ter travado créditos ruinosos da CGD
Antigo presidente do conselho de auditoria do Banco de Portugal (BdP) diz que a supervisão em Portugal "tinha informações que lhe permitiam acompanhar este tipo de operações" que geraram perdas à CGD.
João da Costa Pinto, antigo presidente do conselho de auditoria do Banco de Portugal (BdP), critica as operações de financiamento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) que vieram a gerar perdas avultadas ao banco público. Diz que não compreende a avaliação feita pela administração da CGD, à data, mas também que esses financiamentos “deviam ter sido travadas pela supervisão”.
Aquele que foi o responsável pela avaliação da atuação do supervisor no caso do BES, recorda, em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago), que em tempos foram realizadas “operações de financiamento de aquisição de ações de bancos, financiadas por outros bancos”, algo que à data era considerado “comum”. “Era, até certo ponto”, diz.
“Tenho presente” que a determinada altura Norberto Rosa, ex-administrador da CGD, “avaliou o montante total de financiamentos que o banco tinha feito tendo ações como colateral e falou num número que me deixou perplexo: mais de 4 mil milhões de euros”. “Como é que conselhos sucessivos tinham permitido financiamentos desta dimensão, nomeadamente se os compararmos com os capitais próprios da instituição? E a supervisão também devia estar atenta a este tipo de financiamentos“, questiona.
Neste sentido, defende que “quando se trata de financiamentos muito substanciais, que tinham como pano de fundo a aquisição, por determinados acionistas, de partes significativas do capital de um banco, essas eram operações que, em meu entender, deviam ter sido travadas pela supervisão”.
Não foram travadas, mas a supervisão poderia tê-lo feito. “As supervisões recebem informações detalhadas. Nas contas anuais dos bancos estão indicados o tipo de financiamentos e os colaterais. Portanto, é evidente que a supervisão, em qualquer sítio do mundo, e também cá, tinha informações que lhe permitiam acompanhar este tipo de operações. Isso é inegável”, diz, acrescentando que “isso não pode ser negado pelo BdP”. E remata: o BdP “nunca esteve de mãos atadas”.
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