BCP quer vender participação na Pharol para cobrir dívida da High Bridge. Pode encaixar 12,5 milhões
Incumprimento de uma dívida da High Bridge levou o BCP a executar o colateral: quase 10% das ações da Pharol. Mas não deverá ficar com elas.
O BCP voltou a deter direitos de voto no capital da Pharol, de quase 10%, mas não tem intenções de ficar com as ações da cotada. A participação deve-se à execução de uma dívida em incumprimento da High Bridge, que o ECO sabe que ascende a 11 milhões de euros. O financiamento original tinha sido de 13 milhões de euros para a empresa brasileira comprar as ações da Pharol, que tinham sido detidas pelo próprio BCP.
O anúncio foi feito esta manhã: o BCP executou o colateral dado para o empréstimo à High Bridge e ficava, assim, detentor de 9,99% dos direitos de voto da Pharol. As ações em si mesmas continuam, no entanto, a ser propriedade da empresa brasileira.
“No financiamento que também tem como colateral ações da Pharol, o Millennium BCP não transferiu as ações para a sua propriedade, tendo apenas prestado informação sobre o direito acionado, a quem competia. O Millennium BCP não tem intenção de deter ações da Pharol e, tendo direitos sobre as mesmas, o natural é vender“, explica fonte oficial da empresa, em declarações ao ECO.
Os direitos de voto equivalem a 89.551.746 ações. Se o banco liderado por Miguel Maya vender estes títulos no mercado — como já fez anteriormente — ao preço de fecho desta segunda-feira de 14 cêntimos na bolsa de Lisboa, poderá conseguir um encaixe superior a 12,5 milhões de euros. Mesmo neste caso, o BCP venderia os títulos em nome da proprietária High Bridge para pagar a dívida em incumprimento.
Ações da Pharol valem 14 cêntimos em bolsa
Esta foi a estratégia usada exatamente para as mesmas ações em maio de 2017. O BCP tinha passado, em agosto de 2015, a deter 6,17% da Pharol por execução de garantias para um crédito dado à Ongoing. A participação estava então avaliada em 15,3 milhões de euros e, quase dois anos depois, o banco vendia-a no mercado por 13,9 milhões de euros. Na altura, as ações negociavam acima dos 25 cêntimos.
Dias depois, foi a vez de a High Bridge anunciar que tinha comprado o mesmo número de ações. Sabe-se agora que, para isso, a empresa pediu um empréstimo ao BCP, dando as próprias ações como garantias. Sem ter pago o empréstimo, e após ter reforçado a posição até aos 9,99% do capital passando a ser o segundo maior acionista, o BCP poderá voltar a vender as ações.
A High Bridge é uma das três sociedades que a CMVM suspeita estarem ligadas ao empresário brasileiro Nelson Tanure e que, juntas, controlavam mais de 18% das ações da empresa liderada por Luís Palha da Silva.
(Notícia atualizada às 18h30 com preço de fecho das ações da Pharol)
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