Dia 4: Greve arrefece e motoristas pedem mediação
Ao quarto dia de greve, num feriado, os serviços mínimos não só foram cumpridos como foram "ultrapassados". Com os colegas da Fectrans a fecharem um acordo, sindicatos decidiram pedir mediação.
A Fectrans negociou com a Antram um acordo, mas a greve manteve-se porque as condições acordadas não são as exigidas pelos dois sindicatos independentes em greve. Greve essa que perdeu força, com os serviços mínimos a serem cumpridos e “ultrapassados”, o que levou os motoristas de matérias perigosas a pedirem formalmente a mediação do Governo. Fique a par da atualidade: consulte a quarta edição do Diário da Greve.
Notícia do dia 📰
Motoristas de matérias perigosas pedem mediação do Governo
Depois de uma reunião na Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), que não contou com a presença da Antram, os motoristas de matérias perigosas pediram formalmente a mediação do Governo no conflito com a Antram.
O pedido formal surgiu depois de a Antram, desafiada a negociar, não ter comparecido por recusar protagonizar qualquer negociação enquanto a paralisação estiver em curso. Perante o pedido formal de mediação, o Governo terá três dias para nomear um mediador, que deverá reunir de forma autónoma com motoristas e patrões. Mas a greve dos motoristas, essa, é para manter.
Frase do dia 💬
“Se [o fim da greve] é a única cedência que a Antram espera da nossa parte, a resposta está dada: a Antram não quer negociar.”
Todas as atenções estiveram postas na reunião das 15h00, que surgiu num “desafio” à Antram feito na quarta-feira pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP). À entrada da reunião, numa altura em que já era evidente que a Antram não iria estar presente, o presidente do sindicato, Francisco São Bento, declarou aos jornalistas que a associação “não quer negociar”.
Imagem do dia 📷
Quando o presidente e o advogado do principal sindicato grevista chegaram à DGERT para encararem o “desafio” que fizeram à Antram, ainda havia esperança de que a associação dos patrões cedesse e se juntasse ao encontro. Mas rapidamente se percebeu que os representantes dos motoristas só iriam reunir com o Governo, uma vez que decidiram não desconvocar a greve, como exigia a associação dos patrões. Com um acordo fechado à parte pelos colegas da Fectrans, acabaram por pedir formalmente a mediação do Governo.
Ponto de situação nas bombas ⛽
Com os serviços mínimos cumpridos, o Governo anunciou que, esta quinta-feira, pela primeira vez desde o início da greve, os stocks de gasóleo no Algarve subiram para níveis próximos da média nacional. Uma notícia positiva, tendo em conta que a região tem sido uma das mais afetadas pela falta de combustíveis.
Por volta das 17h30, segundo a plataforma não oficial #JáNãoDáParaAbastecer, num universo de 2.955 postos de abastecimento, 761 não tinham gasóleo (vs. 830 na quarta-feira) e 544 não tinham gasolina (vs. 601 na quarta-feira).
No que toca à REPA, 61 de 331 postos disponíveis aos cidadãos não tinham gasóleo e 34 não tinham gasolina. Na REPA apenas disponível para os meios de socorro e veículos equiparados (como as carrinhas de valores), 2 em 55 não tinham gasolina e 5 não tinham gasóleo. Um cenário mais animador do que na quarta-feira.
Ponto de situação nas negociações 🤝
O acordo entre a Antram e a Fectrans — federação sindical que não aderiu à greve — foi fechado na quarta-feira à noite, com aumentos que poderão chegar aos 266 euros mensais para os motoristas de matérias perigosas. Mas o documento não foi aceite pelos dois sindicatos que promoveram a greve, que decidiram manter a paralisação.
O SNMMP esperou pela Antram na DGERT, mas a associação não compareceu, porque a greve não foi desconvocada, como era exigido. Face a isto, os trabalhadores pediram formalmente ao Governo a mediação do conflito, numa altura em que entrou em cena um negociador externo da parte dos sindicatos: Bruno Fialho, um experiente negociador do sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil.
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