Privados estão a transformar estações do comboio em fábricas, hotéis e papelarias, diz IP
Em dois anos foram investidos 20 milhões de euros de privados na recuperação de estações e outro património ferroviário para fins diversos, de acordo com a Infraestruturas de Portugal.
A Infraestruturas de Portugal (IP) divulgou esta sexta-feira que em dois anos foram investidos 20 milhões de euros de privados na recuperação de estações e outro património ferroviário para fins diversos como fábricas ou papelarias.
O vice-presidente da empresa, Carlos Fernandes, indicou à Lusa que “a IP Património tem hoje mais de mil contratos em execução que dizem respeito a património ferroviário que não é necessário para a exploração direta ferroviária e que é utilizado para outros fins, desde pequenas tabacarias, papelarias, hósteis, hotéis, uma fábrica de chocolates”, entre outros exemplos.
Carlos Fernandes afirmou que a imagem de abandono do património que povoa as linhas ferroviários desativadas está a mudar com “centenas de contratos pelo país todo de recuperação, quer dos próprios canais ferroviários que estão a ser transformados em ciclovias” quer dos edifícios.
“Estamos a falar de cerca de mil quilómetros de canal ferroviário que hoje em dia não têm utilização ferroviária, quase 300 quilómetros desses canais já estão a ser utilizados como ecopistas, várias outras centenas estão já contratualizados quer com CIM [Comunidades Intermuncipais] quer com municípios”, concretizou.
Segundo disse, associado a esses canais também estão a ser feitos os investimentos privados de recuperação do próprio património já referidos que, “nos últimos dois anos mobilizaram cerca de 20 milhões de euros para recuperar o património que estava sem uso ferroviário”.
O cenário de abandono, garantiu, “é uma situação que está progressivamente a ser alterada” com os exemplos citados e também o de Mirandela, onde hoje a IP assinou com a câmara municipal o contrato de comodato para reabilitar a degradada estação centenária da cidade transmontana.
Outro exemplo apontado pelo vice-presidente da IP foi o protocolo com a CIM do Alentejo Central que envolve cerca de 200 quilómetros de antigos canais ferroviários, que estão a ser associados a 700 quilómetros de caminhos pedonais para criar no seu conjunto uma rede ciclável e pedonal. “Isto está a acontecer um pouco por todo o país”, sublinhou.
Este tipo de acordos não implica retorno financeiro para a IP, ao contrário de outros em zonas mais urbanas, como a concessão de uma parte antiga da estação de Santa Apolónia, em Lisboa, para um hotel, ou as antigas instalações industriais, também na zona de Santa Apolónia, onde vão ser construídos 130 apartamentos.
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