Caderneta passa à reforma. Estas são as soluções mais em conta para movimentar o seu dinheiro
Ao deixarem de usar a caderneta para movimentar dinheiro, os clientes vão passar a ter de usar outras ferramentas, o que poderá fazer aumentar os encargos. Saiba como minimizar ou evitar custos.
Movimentar dinheiro com as tradicionais cadernetas deixa de ser possível a partir deste sábado. Trata-se do resultado das regras de segurança mais apertadas que começam a ser aplicadas aos serviços de pagamentos. Apesar do crescente desuso e de apenas três bancos ainda as disponibilizarem — Caixa Geral de Depósitos (CGD), Banco Montepio e Crédito Agrícola — as cadernetas eram privilegiadas para clientes tendencialmente mais idosos movimentarem dinheiro. Usar o cartão de débito é uma alternativa, mas isso poderá levar a mais custos. Impõe-se assim encontrar alternativas mais em conta, seja dentro da instituição ou então na concorrência.
A retirada às cadernetas da possibilidade de permitirem a realização de levantamentos e transferências — consulta de saldos e de movimentos continua a ser possíveis — é uma questão de segurança. As respetivas bandas magnéticas não garantem o cumprimento das regras de segurança impostas pela Diretiva Europeia de Serviços de Pagamentos Revista (PSD2) que entram em vigor a 14 de setembro a nível europeu.
O conhecimento dessa situação apanhou de surpresa recentemente muitos clientes da CGD, Banco Montepio e Crédito Agrícola que se viram confrontados com a perda desse instrumento de movimentação de dinheiro.
Bancos encaminham para cartão de débito e dão “descontos”
Na CGD há 290 mil clientes que ainda usam caderneta, sendo que em resposta ao ECO, o banco de capitais públicos diz que “muitos deles já têm cartão de débito“. Aos clientes que usavam apenas a caderneta e que não disponham de cartão de débito, a CGD encaminhou-os para a respetiva subscrição, oferecendo condições mais vantajosas. Nomeadamente, a isenção da primeira anuidade nas adesões a cartão de débito feitas até 30 de setembro.
Alternativamente, o banco liderado por Paulo Macedo sugeriu a adesão à solução “pacote” — a Conta Caixa — cujo custo inclui o cartão de débito. Nesse caso, aplicando a isenção das primeiras quatro comissões mensais de manutenção de conta. Os clientes visados podem ainda utilizar a caderneta disponível no telemóvel através da App Caderneta. Por essa via, podem consultar movimentos e saldos, efetuar pagamentos e levantamentos, se associarem à aplicação um cartão de débito. A App Caderneta está disponível para clientes com contrato Caixadirecta ativo.
Já o Banco Montepio não disponibiliza o número de clientes com caderneta, mas encaminhou também os clientes que as usavam como único meio de meio de pagamento para o cartão de débito. Este banco também disse que irá isentar durante 1 ano a comissão de disponibilização dos cartões de débito entregues a estes clientes.
Por sua vez, o Crédito Agrícola diz que tem uma carteira pequena de utilizadores exclusivos de cadernetas para efetuar transações e está a realizar uma ação de comunicação junto dos mesmos, propondo a adoção de outros meios de movimentação alternativa, para a movimentação das suas contas, sem referir especificamente quais.
Há opções mais vantajosas?
As isenções propostas pelos bancos podem ser uma ajuda, mas não significa que num prazo de tempo mais dilatado resultem nas soluções mais baratas. Há que considerar os custos que passarão a ser aplicados posteriormente. A preocupação com os custos levou mesmo a Deco a sugerir a criação de um cartão de débito grátis vitalício.
Tendo em conta a componente dos custos pode ser preferível ao cliente bancário optar por outras soluções seja dentro do próprio banco, como fora, até pelo perfil conservador de muitos clientes que usavam em exclusivo as cadernetas.
Custo anual das contas de Serviços Mínimos Bancários
No caso da CGD, por exemplo, que é o banco com maior número de clientes a dispor de caderneta, assumindo os atuais valores em preçário, os encargos anuais com a manutenção de conta, acrescidos da anuidade do cartão de débito, totalizam 80,5 euros. Só a subscrição de um cartão de débito tem um custo anual de 18,72 euros no banco público. Optar por uma “conta pacote” — com um custo único e o acesso a conta, cartão de débito e transferências — poderá sair mais em conta.
Mas ainda mais em conta será a opção por uma conta de Serviços Mínimos Bancários (SMB). Esta solução desenhada com o objetivo a de garantir a bancarização de toda a população portuguesa a partir de um custo anual baixo, no caso da Caixa é isenta de encargos. Com ela o cliente tem acesso à conta, cartão de débito e transferências bancárias em caixas automáticos ou através do homebanking (neste caso há limite de 24 operações anuais). Já o Banco Montepio e o Crédito Agrícola cobram por ano 4,16 e 3,54 euros, respetivamente, pelo acesso à conta de SMB.
Custos anuais de manter conta e cartão de débito por banco
Se ao escolher os SMB é possível poupar na fatura, o mesmo acontece em mudar de banco. Há bancos onde a manutenção de conta e a utilização de um cartão de débito não têm qualquer custo associado. É o que se passa com o Banco CTT, AtivoBank e BNI Europa.
Há ainda instituições que apesar de cobrarem uma anuidade pelo cartão de débito, não aplicam custos pela manutenção de conta. Deste grupo, considerando um universo de 17 instituições que operam em Portugal, fazem parte o Banco Best, o Banco Atlântico Europa, o Banco BiG e o Banco Invest.
Avaliar a globalidade da oferta disponibilizada pelos bancos torna-se assim um exercício muito útil para quem pretender poupar. É que, considerando a manutenção de conta e a anuidade do cartão de débito, o custo para o cliente pode ir dos zero a mais de 100 euros.
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