Falta de recursos humanos qualificados fragiliza enoturismo português
Estudo apresentado na “Enoturismo no Dão” aponta urgência na formação de profissionais do setor e a criação de uma oferta integrada como principais desafios para captar enoturismo.
Num contexto favorável ao consumo de vinho e de aumento do fluxo turístico, a falta de recursos humanos e uma oferta pouco estruturada evidenciam-se como as principais fragilidades do enoturismo em Portugal, segundo um estudo revelado esta quinta-feira, em Viseu, na conferência Novo Banco “Enoturismo no Dão: Um caminho para o Vinho e para o Turismo”.
Durante a conferência, que decorreu na Pousada de Viseu, Carlos Almeida Andrade, economista chefe do Novo Banco, apresentou “Uma visão sobre o setor do Enoturismo”, realçando que os principais fatores de atratividade deste setor em Portugal são a beleza paisagística e histórico-cultural das regiões vinícolas (28%), a reputação e qualidade dos vinhos (22%), bem como a história e tradição do vinho (20%). O economista sublinhou que a escassez de recursos humanos qualificados, bem como a ausência de organização das rotas de enoturismo e a debilidade de sinergias entre a produção do vinho e outros setores associados ao enoturismo representam as principais fragilidades. A estas lacunas soma-se ainda a falta, quer de notoriedade internacional do enoturismo nacional, quer de conhecimentos sobre a qualidade do vinho português.
O estudo aponta que no mercado nacional, o enoturista tem sido predominantemente do género masculino (52%-66%), com poder de compra e nível sócio-cultural médio ou elevado, e português (50%-70%) mas que, no panorama internacional evidenciam-se já alterações em termos de tendência no perfil do enoturista. Assim, começa a notar-se interesse por parte de um público maioritariamente feminino, mais jovem, viajando em grupo, com origem em mercados mais interessados em experiências complementares ao setor vinícola.
Perante esta constatação, Carlos Andrade chamou a atenção para os principais desafios deste setor. Para o economista chefe do Novo Banco, é crucial conhecer o mercado, recolhendo, sistematizando e trabalhando dados estatísticos sobre a procura no mercado, tendo em conta que, a nível global, o enoturista privilegia uma oferta integrada. Além disso, este responsável reforçou a urgência de investimento em capital humano que domine línguas estrangeiras e tenha conhecimento histórico sobre a região onde se insere. ”Se vamos chamar turistas e não temos alguém qualificado para a prestação de serviços, torna-se complicado [ganhar atratividade]”, expressou Carlos Andrade.
Outro dos desafios que se coloca é o investimento no marketing e visibilidade digitais e, nesse sentido, o economista chefe sublinha que, hoje em dia, muitas das escolhas feitas pelos consumidores têm por base a experiência emocional no mundo digital. “O enoturismo deve estar ligado a experiências, emoções, histórias de pessoas”, destacou.
Para que o enoturismo português ganhe impulso, Carlos Andrade disse ainda ser imperativo construir uma oferta integrada, em que se trabalhe em parceria e não de costas voltadas, chamando a atenção para a “coordenação de esforços ao nível de produtores de vinho, associações do setor, unidades de enoturismo, entidades públicas e universidades”. Por fim, o responsável apontou a necessidade de alavancar o desenvolvimento regional, unindo empresas, produtores locais, organismos públicos não só com o objetivo de gerar receitas, mas também de potenciar toda a região.
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