PSD vence as eleições na Madeira. Com o CDS consegue formar maioria
A contagem terminou. PSD vence eleições. PS é a segunda força política mais votada. Bloco não consegue eleger nenhum deputado. Paulo Cafôfo quer fazer uma geringonça na Madeira.
O PSD venceu as eleições na Madeira ao conseguir eleger 21 deputados, com 39,4%, mas não consegue obter uma maioria absoluta. No entanto, com os três deputados do CDS, que já se mostrou disponível para viabilizar um Executivo estável na ilha, vai ser possível formar um Governo de direita, com maioria parlamentar.
O PS foi a segunda força mais votada ao eleger 19 deputados, com 35,7% — mais 14 do que em 2015 e a cinco mil votos da vitória — o melhor resultado dos socialistas em 23 anos de democracia. Paulo Cafofo, que encabeçou a lista socialista, beneficiou da transição de votos à esquerda já que a CDU apenas conseguiu eleger um deputado (menos um face a 2015) e Bloco de Esquerda não conseguiu nenhum mandato para a assembleia regional, ou seja, perdeu os dois que tinha eleito em 2015.
Mas apesar de “o Partido Socialista ter sido mais uma vez derrotado na Madeira”, como sublinhou no seu discurso Miguel Albuquerque, Paulo Cafôfo não desiste, e na sua intervenção na Praça Amarela, desafiou as forças na oposição para “criar uma base e concretizar a mudança” — uma geringonça diferente daquela que foi conseguida no continente, por António em 2015. “Estamos disponíveis e por isso fica aqui o desafio a todos os partidos da oposição. Queremos uma solução de consenso“, disse o socialista, assumindo claramente que o objetivo é afastar o PSD do poder.
Mas o PSD deixou bem claro que está “disponível” para um “entendimento com o CDS-PP, no quadro de uma negociação”. Miguel Albuquerque admitiu que o mais “natural” será a formação de “um Governo de coligação”. Uma solução que passará pela defesa “da estabilidade política, no quadro da autonomia política”, acrescentou, admitindo que já falou com o CDS no sentido de se avançar com essa coligação.
“Não há Governo de maioria absoluta sem o CDS”
Momentos antes, Rui Barreto, do CDS Madeira, já tinha dado o mote: “Não há Governo de maioria absoluta sem o CDS”, já que para isso são necessários 24 deputados. Mas Rui Barreto deixou um aviso: “O CDS não abdica das ideias que apresentou ao eleitorado” e “não vai para o Governo a qualquer custo e a qualquer preço”. Uma afirmação que terá alimentado as pretensões de Paulo Cafôfo.
Para o CDS a bipolarização que se verificou nas eleições deste domingo “quase dizimou o Parlamento”, já que PSD e PS obtiveram, “em conjunto, quase 85% dos votos”. “A exceção foi o CDS”, o terceiro partido mais votado, o que “nas contas” do partido faz com que o centro direita tenha vencido as eleições na Madeira.
E, consequentemente, “uma derrota clamorosa da esquerda”, disse Miguel Albuquerque. O líder do PSD Madeira sublinhou o facto de ter havido ” uma transferência quase literal de votos do Bloco de Esquerda — que teve a sua maior derrota de sempre — para o PS e o quase desaparecimento do Partido Comunista”, consequência do voto útil nos socialistas. “O pior que poderia acontecer à Madeira era uma coligação de forças de esquerda”, por isso reiterou que “num quadro de negociação com os partidos”, tudo fará que que haja “um governo de coligação no poder”.
Miguel Albuquerque rejeitou que o PSD tenha tido um pior resultado neste escrutínio face ao último ato eleitoral na ilha. “O PSD teve exatamente a mesma votação que em 2015, o que é extraordinário e e ainda aumentámos em freguesias urbanas como Santo António ou São Martinho. O que houve foi uma concentração do voto útil à esquerda no PS”, para “tentar derrubar o PSD.
Bloco de Esquerda fica de fora
“Paulino Ascenção do Bloco de Esquerda lamenta que o partido tenha “ficado de fora” da assembleia regional, ao conseguir apenas 1,7% dos votos. O Bloco promete continuar a lutar pelas causas do partido e recusa que a pulverização de partidos que se apresentou às urnas tenha contribuído para o mau resultado do Bloco. “Os dois grandes partidos esmagaram todos os outros”, reconheceu Paulino Ascenção, perante os resultados, que admitiu, “deixam o partido fragilizado”.
Mas, apesar do “mau resultado” e de ter “falhado o objetivo”, a líder do Bloco de Esquerda, a partir da sede em Lisboa, recusou tirar ilações para as legislativas de 6 de outubro. “Quando temos maus resultados devemos assumi-lo, mas houve uma a enorme bipolarização de que o Bloco também foi vítima”, disse Catarina Martins, recusando leituras nacionais. “As eleições na Madeira sempre foram muito diferentes das legislativas nacionais. Nunca houve correspondência” entre os diferentes atos eleitorais e “nunca houve contaminação“, garantiu.
As eleições pautaram-se por uma abstenção de 44,4%, menos cinco pontos percentuais face às eleições de 2015, e uma tendência inédita em 35 anos.
(Notícia atualizada)
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