Costa decreta fim da discussão política sobre Tancos, mas ninguém o ouve
O secretário-geral do PS considera que, do ponto de vista político, o caso de Tancos está encerrado, mas Assunção Cristas e Rui Rio voltaram a centrar o discurso neste caso.
O secretário-geral do PS voltou a decretar o fim do caso de Tancos… mas ninguém lhe está a dar ouvidos. Enquanto António Costa dizia este sábado, numa curta entrevista à TVI, que não vai alimentar a polémica política sobre o processo de Tancos e acrescentou que o presidente do PSD vai perceber que errou quando cair em si após a campanha eleitoral, Rui Rio e Assunção Cristas voltaram a centrar o discurso no processo que levou à acusação contra o ex-ministro Azeredo Lopes por ter tido conhecimento, e dado cobertura, do plano de recuperação das armas roubadas.
O que disse António Costa? “Eu não quero estar a valorizar essas matérias, eu não gostei e também devo dizer que acho que ninguém gostou. Passado o calor da campanha, quando o doutor Rui Rio cair em si, também irá perceber o que fez”, declarou António Costa minutos depois de ter encerrado um comício do PS em Guimarães.
O secretário-geral considerou que, do ponto de vista político, o caso de Tancos está encerrado.
“Está encerrado há vários meses quando respondi por escrito a todas as perguntas que me foram feitas por todos os deputados que me quiseram colocar questões”, sustentou.
Questionado se vai deixar os seus adversários políticos a falarem sozinhos sobre o caso de Tancos, António Costa respondeu: “Pelo menos comigo não falarão, porque já disse tudo o que tinha a dizer”.
“Sei que o doutor Rui Rio não era deputado, sei que não gostava do seu Grupo Parlamentar e que não confiava nos seus deputados, mas as conclusões da comissão parlamentar de inquérito respondem cabalmente às suas dúvidas. O caso de Tancos está entregue à justiça, já conhecemos a acusação e, seguramente, iremos conhecer seguramente o espaço da defesa. Um dia os tribunais tomarão uma decisão”, afirmou o secretário-geral do PS.
A resposta da líder do CDS é inequívoca: Assunção Cristas subiu hoje o tom contra o PS, prometeu que “não se calará” e alertou que a tese das cabalas, no passado, foi “um filme que não acabou bem”, numa referência implícita a José Sócrates. Foi num discurso num jantar comício em Albergaria-a-Velha, Aveiro, que Assunção Cristas falou de “um dos maiores escândalos da vida democrática” portuguesa e afirmou que o Governo “silenciou” e “participou numa ilegalidade e numa mentira que vendeu ao país” à cerca do alegado desconhecimento do antigo ministro da Defesa Nacional Azeredo Lopes e de António Costa sobre o encobrimento na recuperação do material furtado no paiol de Tancos, em 2017.
Numa parte em que o discurso foi ouvido com mais silêncio na sala, a líder centrista avisou que “outros podem ter medo do PS”, medo do “confronto” com o poder, mas o CDS não se atemoriza com “mensagens” que disse ter recebido quanto ao “preço político” de insistir no dossiê Tancos na campanha eleitoral. “No CDS não temos medo, não temos medo do PS e de dizer a verdade. Há quem nos mande mensagens, que temos um preço político, mas a verdade não tem preço”, afirmou, empolgada.
Rui Rio, esse, manteve o tema de Tancos na campanha deste sábado, mas num tom mais suave em relação a Cristas. O presidente do PSD rejeitou a tese de uma relação entre o roubo de material de Tancos e a decisão de acusação agora conhecida do Ministério Público, ou seja, rejeitou a leitura política que o PS está a fazer, e que foi expressa na resposta de Azeredo Lopes à acusação de que foi alvo. E manteve a ideia de pedir uma reunião da comissão permanente da Assembleia da República, que tentará já na próxima semana, antes das eleições.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por seu lado, afirmou que “o melhor é não dizer nada” durante o período de campanha eleitoral, porque “mesmo não dizendo nada, tudo dirão” sobre o que chefe de Estado diz. “Nestes tempos de campanha eleitoral o melhor é não dizer nada, mesmo não dizendo nada, dirão tudo sobre o que eu digo”, vincou Marcelo Rebelo de Sousa, durante a sessão de encerramento de um colóquio dedicado à vida literária de António Lobo Antunes, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
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