Boris Johnson: “Em circunstância alguma” haverá fronteira física na Irlanda do Norte
O primeiro-ministro britânico voltou a recusar qualquer hipótese de existir uma fronteira física com a Irlanda do Norte após o Brexit. Garantiu que o país está preparado para sair da UE sem acordo.
O Governo do Reino Unido está preparado para um Brexit sem acordo e rejeita todas as hipóteses de vir a aceitar uma fronteira física com a Irlanda do Norte. As duas posições foram assumidas pelo primeiro-ministro britânico num discurso na convenção do Partido Conservador, onde apresentou as linhas gerais do novo plano para o divórcio com a União Europeia (UE).
“Em circunstância alguma teremos controlos na — ou perto da — fronteira com a Irlanda do Norte. Nós respeitamos o processo de paz”, assumiu o líder conservador, que herdou o cargo anteriormente ocupado por Theresa May. É uma das linhas vermelhas do Reino Unido na negociação para o Brexit e um dos pontos de fricção que poderá levar a uma saída desordenada do bloco.
No entanto, Boris Johnson garantiu que o Governo está preparado para a eventualidade de esse cenário vir a tornar-se realidade. “[O Brexit sem acordo] não é um cenário que queiramos. Não é sequer um cenário que procuremos. Mas, deixem-me dizer-vos, é um cenário para o qual estamos preparados”, garantiu, mantendo a promessa de que o Brexit vai mesmo acontecer até ao fim deste mês, independentemente de haver ou não um acordo assinado com Bruxelas. “Vamos ter o Brexit a 31 de outubro”, voltou a prometer aos cidadãos.
De qualquer forma, Boris Johnson não desiste já. Falou em “compromissos” que serão assumidos pelo país, mas que terão de ser complementados com outros assumidos por Bruxelas para que haja um acordo para o Brexit. Mas alertou: “Se falharmos em alcançar um acordo por causa de algo que é essencialmente uma questão técnica, sobre a natureza exata dos futuros controlos aduaneiros, quando a tecnologia nessa área está a melhorar todos os dias, então não tenham dúvidas de que a alternativa é [um Brexit] sem acordo”, frisou o primeiro-ministro.
[O Brexit sem acordo] não é um cenário que queiramos. […] Mas é um cenário para o qual estamos preparados.
O discurso do primeiro-ministro também serviu para atacar a oposição. Disse que se Jeremy Corbyn for capaz de adiar o Brexit, 2020 vai ser um ano de “caos”. “Corbyn quer transformar o ano de 2020 — que deve de ser um ótimo ano para este país — num caos e na cacofonia de mais dois referendos. Um segundo referendo sobre a independência da Escócia, mesmo quando foi prometido aos escoceses que o de 2014 seria único numa geração; e um segundo referendo sobre a [saída da UE], mesmo quando foi prometido que o de 2016 seria único numa geração”, argumentou.
“Conseguem imaginar mais três anos disto?”, interrogou o primeiro-ministro. Com base nestas justificações e premissas, Boris Johnson reiterou a determinação em abandonar a UE a todo o custo. “Vamos fazer o Brexit a 31 de outubro para que o nosso país possa seguir em frente em 2020”, concluiu.
(Notícia atualizada às 12h44 com mais informações)
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