O que disseram os partidos a Marcelo?
A maratona de audiências do Presidente com os dez partidos com assento parlamentar terminou com a indigitação do primeiro-ministro. Partidos insistiram nas teses defendidas na noite eleitoral.
Quando António Costa se reunir esta quarta-feira com os partidos da geringonça alargada já será na qualidade de primeiro-ministro indigitado. No entanto, no momento em que chegar às sedes dos partidos ainda não terá certezas sobre a estabilidade do Governo que vai formar para os próximos quatro anos. O PCP manteve a distância, o Bloco continua aberto a um acordo formal ou a um entendimento caso a caso. Quanto aos outros, PAN e Livre não se excluíram, mas sozinhos não chegam para Costa ter maioria.
A maratona de reuniões de Marcelo durou o dia inteiro, começando com o Livre às 11h30 e terminando com o PS às 20h00. Todos os partidos disseram aceitar e entender a indigitação de António Costa como primeiro-ministro, bem como a urgência temporal, com a exceção da Iniciativa Liberal.
Os partidos da geringonça reforçaram as posições afirmadas nos discursos da noite eleitoral. O Bloco está disponível para um acordo, preferencialmente escrito, com Catarina Martins a sublinhar que “o que garantiu a estabilidade nos últimos quatro anos foi o programa de Governo não ser igual ao do PS, sendo que já nasceu do trabalho de convergência”. Disse que o PS tinha toda a legitimidade para formar Governo, e que a existência de um acordo dependia das negociações.
Já o PCP reiterou não necessitar do acordo no papel. Jerónimo de Sousa admite negociar caso a caso, tal como foi feito em relação ao Orçamento do Estado. Recorrendo a uma expressão popular para explicar o ponto de vista do partido, o líder do PCP disse que “é ao pé do pano que se talha a obra”.
Quanto ao que sair destes possíveis acordos, Rui Rio expressou o desejo de que não comprometam futuros entendimentos, para os quais diz estar disponível. “Espero que o acordo que venha ser firmado entre Bloco e PS não inviabilize a possibilidade de haver entendimentos sobre matérias estruturais“, disse o presidente do PSD.
Quando questionado sobre as declarações de Cavaco Silva, que disse ter ficado triste com os resultados do PSD, Rio não quis comentar, dizendo que este assunto não fez parte da sua conversa com Marcelo Rebelo de Sousa. Não respondeu também a questões sobre se se irá manter na liderança do partido, defendendo que a indigitação é um “ato solene, não seria lógico que o PSD estivesse em grandes tumultos”.
A resposta pelo PS sobre a possibilidade de entendimento à com o PSD chegou logo a seguir. “Não está excluído, em determinadas circunstâncias, estarmos de acordo” com o PSD e o CDS, disse Carlos César. No entanto, o presidente do PSD sublinhou que a preferência é à esquerda, a quem pediu “responsabilidade”.
Partidos assumem-se como oposição
As declarações do CDS foram breves, com Assunção Cristas a garantir que o partido não iria colocar obstáculos à indigitação de António Costa enquanto primeiro-ministro. A líder centrista, que está de saída da liderança do partido devido aos resultados obtidos nas legislativas, adiantou também que o CDS iria continuar a fazer “uma oposição sempre construtiva”.
O Iniciativa Liberal e o Chega reforçaram também o papel que irão assumir enquanto “oposição”. O líder do Iniciativa Liberal criticou também o facto de ainda não estarem contados os votos do estrangeiro. Já André Ventura, apesar de lamentar a indigitação de António Costa, disse que o partido estava disponível para apoiar certas medidas do Executivo que forem “positivas para o povo português”, como por exemplo se propuserem um novo código penal para punir criminosos violentos.
PAN e Livre numa solução governativa?
António Costa, no discurso depois de serem conhecidos os resultados, mostrou disponibilidade para incluir o Livre e o PAN numa nova solução governativa. No entanto, à saída da reunião com Marcelo, ambos os partidos se mostraram reticentes em fazer coligações, apesar de estarem disponíveis para diálogar.
Joacine Katar Moreira, deputada eleita pelo Livre, reiterou que “é fundamental que haja um entendimento, mas inicialmente entre os partidos que constituíram esta união nestes últimos quatro anos”. O Livre não tem como objetivo “entrar na constituição de nenhuma coligação partidária”, disse, à saída da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa.
Do lado do PAN, que conseguiu nestas eleições passar de um para quatro deputados, o sentimento é o mesmo. “O PAN não está à partida disponível para fazer apoio de Governo, de coligações partidárias de quatro anos”, reiterou André Silva depois da audiência com o Presidente. Ainda assim, disse que o PAN está “disponível para fazer acordos pontuais”.
Carlos Guimarães Pinto, do Iniciativa Liberal, disse que não iriam dar apoio parlamentar aos socialistas, até porque “existem seis partidos a concorrer para isso”. “Tivemos até agora uma geringonça, agora parece que vamos ter uma aranhonça de seis partidos”, apontou, referindo-se também à inclusão do PAN e do Livre na solução.
Já os Verdes deixam apenas a garantia de que terão “disponibilidade para aprovar propostas que venham promover justiça social e equilíbrio ambiental”.
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