Preços das casas estão a “arrefecer”, mas imobiliário não acredita em “nenhuma crise”

Depois de anos e anos de recuperação, os preços das casas aceleraram para novos máximos. Atingiram valores "incomportáveis".

Vendem-se e compram-se cada vez mais casas, fecham-se negócios de milhões de euros. O mercado imobiliário tem vivido anos de ouro mas, agora, começa a mostrar os primeiros sinais de abrandamento. A subida dos preços está a travar. Depois de atingirem um “limite quase incomportável”, os valores dos imóveis deverão encolher, mas não vem aí uma nova crise. É o mercado a funcionar, dizem os especialistas do setor, reunidos na maior feira de imobiliário do país, o Salão Imobiliário de Portugal (SIL).

Este arrefecimento, que começou a ser notado já no final do ano passado, é hoje admitido pela maioria dos especialistas do setor. As casas continuam caras, mas o ritmo de subida dos preços já não é o que foi nos últimos anos. “Desde 2018 que se tem notado que o mercado está mais difícil, porque os preços chegaram a um limite que eram quase incomportáveis”, diz Beatriz Rubio.

A subida dos preços foi tão forte que, acrescenta a CEO da Remax Portugal, ao ECO, “tudo o que era procura parou e, claro, os proprietários deixaram de vender”. “É a lei da oferta e da procura” e que o que se observou foi que, “como havia menos procura, os preços começaram a descer”, permitindo um alívio nos valores de venda.

“Nos últimos cinco anos houve mais procura do que oferta”, mas isso é algo normal, diz Pedro Silveira, presidente do Grupo SIL, ao ECO. O “setor tem um problema estrutural e, por isso, demora a reagir”. Isto é, não é possível colocar casas imediatamente no mercado quando a procura aumenta.

"É altamente provável — como já estamos a entrar mais ou menos no quinto ano de uma boa fase do imobiliário –, que agora comecem a aparecer os produtos. O que vai fazer com que a oferta vá aumentar. E quando a oferta aumentar (…) pode ser que os preços não se consigam manter [como estão].”

Pedro Silveira

Presidente do Grupo SIL

Então, o que esperar para os próximos anos? “É provável que haja um arrefecimento nos preços”, antecipa Pedro Silveira, ressalvando, contudo, que essa evolução vai depender do que a procura vai fazer e do que a oferta vai disponibilizar.

“Ando nisto há muitos anos e o setor, neste momento, está a viver os melhores momentos dos últimos 35 anos. Duvido que quando as coisas estão tão boas como estão, possam continuar sempre assim“. Ainda assim, o especialista não antecipa um cenário muito negativo. “Também não estou a vislumbrar nenhuma crise a rebentar à nossa porta”, afirmou.

Mais casas. Rumo a valor real?

A subida dos preços das casas tende a gerar maior interesse no mercado, levando à promoção imobiliária. E neste ciclo, foi isso mesmo que aconteceu, apesar de pouca nova oferta se ter vislumbrado no mercado. Mas, agora, vai começar a surgir com maior expressão, podendo contribuir para o alívio nos preços.

“É altamente provável — como já estamos a entrar mais ou menos no quinto ano de uma boa fase do imobiliário –, que agora comecem a aparecer os produtos. O que vai fazer com que a oferta vá aumentar. E quando a oferta aumentar (…) pode ser que os preços não se consigam manter [como estão]”, sublinha Pedro Silveira.

Pode haver uma descida dos preços, mas ainda não é isso que se vê. Preços já estão no valor real? Beatriz Rubio diz que depende muito da urgência que o cliente tem para vender. “Há casas que já estão com o valor real, e outras que continuam sobrevalorizadas”, remata.

Mas, para aqueles que estão à procura de casa, a responsável da Remax deixa um conselho: “Se eu fosse um cliente e gostasse de uma casa, o que eu faria era exigir ao consultor imobiliário um bom estudo de mercado para saber o valor real do imóvel e poder negociar um preço real”.

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