Robotização e inteligência artificial: industriais “preparados” para o futuro
O futuro passa pela indústria 4.0. Na conferência Fábrica 2030, os oradores consideram que o setor já está a preparar-se e que a automatização pode ser uma oportunidade para Portugal.
Robotização, machine learning, inteligência artificial. Este é o futuro e os empresários portugueses já estão a caminhar nesse sentido. Graças à indústria 4.0, os setores estão a passar por uma fase de transformação a grande velocidade. Em Portugal, um quinto da população trabalha na indústria e, por isso, existe uma necessidade cada vez maior de otimizar os processos e adotar novas técnicas industriais que ajudem a fomentar o crescimento das empresas.
“Saímos de manufaturas para a customização do produto e temos uma oportunidade fantástica para reforçar o perfil da nossa economia através de uma indústria moderna onde impera o conhecimento, a qualificação e a robotização“, destaca José Manuel Fernandes, CEO da Frezite, na conferência Fábrica 2030, organizada, esta quinta-feira no Porto, pelo ECO em parceria com a Fundação de Serralves.
“A fábrica do passado era 95% manufatureira, hoje é 30%”, relembra o CEO da Frezite.
O caminho para a indústria 4.0 está a decorrer a uma velocidade de cruzeiro e é, para todos os oradores, uma grande oportunidade para Portugal posicionar-se no mercado. “Portugal tem potencial para fazer muito mais. Temos skills indústrias fantásticas que podem originar polos de grande desenvolvimentos sobretudo na indústria”, refere o CEO da Frezite, relembrando que “vivemos atualmente um ambiente de mudança empresarial a grande velocidade“.
“A indústria 4.0 é a oportunidade que temos para acrescentar valor e o país tem competências para isso”, destaca Ângelo Ramalho, CEO da Efacec.
Para além de ser um passo com olhos postos no futuro, os empresários consideram que a otimização das tarefas e a automação vão contribuir para a eliminação de erros. “A robótica vai eliminar erros que o cansaço humano pode ter em relação a certo tipo de tarefas”, destaca o CEO da Frezite. O caminho já começa a ser traçado e, “hoje em dia, já se consegue otimizar algumas tarefas com eficiência. Vamos continuar o caminho que estamos a seguir”, destaca João Serrenho CEO da CIN.
A inovação é um eixo extremamente importante, leva a diversificação de novos produtos. Tem sido por essa via que temos crescido bastante nos últimos anos.
Segundo a experiência do CEO da Delta Cafés, Rui Miguel Nabeiro, “a inovação leva a diversificação de novos produtos e é este tipo de inovação que nos permite ter uma empresa mais sólida”. O industrial revela que um dos objetivos é “chegar a outros mercados com produtos de valor acrescentado”.
Na ótica do administrador da EDP, António Martins da Costa, “principalmente no setor da energia o caminho da inovação encontra enorme desafios“. O industrial considera que, nos dias de hoje, existe cada vez mais necessidade de “descarbonizar”, “digitalizar” e “descentralizar os processos” e sublinha que cada vez mais os consumidores e as marcas têm preocupações com o ambiente e que, “do lado da energia, os dois grandes eixos são a eletrificação do consumo e a descarbonização da produção”.
No mesmo debate, César Araújo, CEO da Calvelex, relembra que a carga fiscal, o peso da Segurança Social e os elevados custos da eletricidade são alguns dos desafios que os empresários enfrentam. João Serrenho, CEO da CIN, disse que o “Estado não sabe gerir empresas” e que “há 40 anos que as indústrias andam a recuperar”, dando o exemplo de que muitas empresas familiares estão descapitalizadas. “Devia existir uma estrutura financeira com incentivos fiscais que ajudasse as empresas a crescer”, refere.
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