Já ouviu falar do TikTok? Rede social é três vezes maior que o Twitter e até já conquistou o Benfica
Tem mais de 800 milhões de utilizadores mensais ativos, o que faz do TikTok uma rede social quase três vezes maior que o Twitter. Mas há uma boa probabilidade de ainda não ter ouvido falar sobre ela.
Há uma nova rede social a fazer furor em todo o mundo. Bem, na verdade, não é assim tão nova. Já tem mais de 800 milhões de utilizadores mensais ativos em todo o mundo, 500 milhões deles na China e 30 milhões nos EUA, tornando-a quase três vezes maior do que o Twitter. Mesmo assim, estatisticamente, é provável que nunca tenha ouvido falar dela. Ou até já pode ter ouvido, mas não sabe para que serve.
Estamos a falar do TikTok. Lá fora, nos EUA e na China, faz furor entre a miudagem. Dados consultados pelo ECO mostram um crescimento avassalador da aplicação junto da população mais nova, com 27% dos utilizadores entre 13 e 17 anos, 42% entre 18 e 24 anos e 16% entre 25 e 34. Em média, estes utilizadores abrem a app oito vezes por dia, num total de 46 minutos gastos na aplicação.
Se tiver adolescentes na família, perguntar-lhes o que é o TikTok é melhor do que perguntar ao Google. Mesmo assim, vamos tentar: o TikTok é uma aplicação de vídeo “ao alto” — isto é, com orientação vertical. Funciona de forma semelhante ao Instagram e ao Snapchat, mas um poderoso algoritmo de inteligência artificial, aliado a um interface muito fluído e a um vasto conjunto de filtros, efeitos de realidade aumentada, stickers, emojis, transições e músicas, foram fatores que fizeram com que esta nova plataforma chegasse ao top de downloads nas principais lojas de aplicações. Na Play Store portuguesa, é a 13.ª aplicação mais descarregada, mas a ganhar terreno a cada dia.
Também em Portugal, o ECO sabe que algumas agências e marcas estão a começar a olhar para o TikTok com forma de promoção de marca. Não serão pioneiras. O Benfica tem conta oficial no TikTok e produz conteúdo exclusivo para esta nova plataforma desde, pelo menos, o passado mês de setembro. Tem quase 16,5 mil seguidores. No vídeo mais popular, soma mais de 450 mil visualizações.
A imprensa internacional tem dado cobertura ao impacto que o TikTok está a ter em todo o mundo, especialmente o crescimento que tem sido registado nos EUA. Nas escolas, crianças organizam clubes de TikTok para criarem vídeos para a aplicação. Há concursos para ver quem consegue o vídeo mais visto. Com talento, dedicação e alguma sorte, jovens tornam-se celebridades digitais em poucos dias. Há até alguns professores que já estão a preparar formas de lecionar matéria através desta plataforma.
O TikTok foi lançado em setembro de 2016 pela empresa chinesa ByteDance, mas começou a ganhar gás em 2018. Na verdade, a aplicação é focada no mercado ocidental, uma vez que há uma versão específica para o mercado chinês. A própria ByteDance é um case study de sucesso: na última vez que foi avaliada, chegou aos 78 mil milhões de dólares. Mais recentemente, anunciou que vai lançar um motor de busca para concorrer com o gigante chinês Baidu. Para tal, contratou especialistas que trabalharam na Google e no Bing, o discreto motor de busca da Microsoft.
Segundo dados económicos e financeiros obtidos pela Reuters, que eram confidenciais porque a empresa não é cotada em bolsa, as receitas do primeiro semestre ultrapassaram todas as expectativas e fixaram-se entre sete mil milhões e oito mil milhões de dólares. Terá mesmo gerado lucros líquidos no mês de junho e poderá encerrar o segundo trimestre com resultado líquido positivo.
O TikTok é capaz de ser tão viciante que a ByteDance viu-se obrigada a lançar uma série de ferramentas para travar os acessos em casos mais extremos. Na aplicação, há uma área específica dedicada ao “bem-estar digital”, um conceito cada vez mais na moda. Neste espaço, entre outras coisas, é possível gerir o tempo de utilização da aplicação.
Mas nem tudo são aspetos positivos. Nos EUA, o TikTok arrisca ser a próxima vítima das tensões com a China. Começam a surgir dúvidas de que a aplicação seja segura para os utilizadores do ponto de vista de proteção de dados pessoais e privacidade. Esta quinta-feira, começaram a surgir notícias de que pode haver um apoio bipartidário na Câmara dos Representantes, que começa a focar na ideia de que o TikTok pode ser um risco para a segurança nacional dos EUA.
Haverá motivos para tal? Um dos principais argumentos prende-se — como sempre — com as leis chinesas, que “obrigam” as empresas privadas a colaborarem com as autoridades e os serviços de inteligência caso sejam solicitadas — um argumento que tem saído caro à tecnológica chinesa Huawei. Além disso, na sequência de uma polémica que surgiu na China, o fundador da ByteDance, Zhang Yiming, prometeu que a empresa iria “aprofundar a cooperação” com as autoridades.
Declarações que poderão dar arrepios ao mundo ocidental, numa altura em que a dona do TikTok arrisca embater de frente com dois riscos: o risco de ser puxada para o jogo da política e um outro, talvez mais relevante, que é vir a ser “copiada” pelo Facebook, como aconteceu com o Snapchat, na origem das Instagram Stories.
Contudo, quanto a este último fator, o TikTok pode, para já, respirar de alívio: numa recente fuga de informação, em que o mundo pôde ouvir a gravação de uma reunião entre Mark Zuckerberg e a equipa do Facebook, um funcionário da empresa questionou o líder acerca da ameaça provocada pelo TikTok. Zuckerberg desvalorizou por completo. Disse apenas que o TikTok “é quase como a aba Explorar do Instagram”.
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