“Impostos não podem impedir ou desincentivar a criação de riqueza e investimento produtivo”, diz Carlos Tavares

Presidente do Banco Empresas Montepio, Carlos Tavares, destaca que "cabe especialmente aos poderes e políticas públicas assegurar as condições para que as empresas possam investir ".

 

A produtividade é um dos grandes desafios para o tecido empresarial português. Todavia, a carga fiscal não permite às empresas crescer e posicionar-se com os parceiros europeus. Para o presidente do Banco Empresas Montepio (BEM), Carlos Tavares, “os impostos não podem impedir ou desincentivar a criação de riqueza e investimento produtivo”. Na conferência promovida pelo BEM em Braga, no Altice Forúm, com mais de 200 empresários a assistir, Tavares esclarece ainda que “a taxa de juro praticada atualmente não incentiva o investimento e pode estar, uma vez mais, a incentivar o mau investimento”.

Carlos Tavares aconselha as empresas a assegurar este esforço de investimento produtivo, mas não deixa de destacar que “cabe especialmente aos poderes e as políticas públicas assegurar as condições para que as empresas possam investir e retirar os proveitos desses investimentos, incluindo as políticas fiscais que devem ser suficientemente amigas do investimento”.

O presidente do conselho de administração do Banco Empresas Montepio destaca que para aumentar a produtividade das empresas é necessário investir com qualidade. “Chegamos mais uma vez à situação em que a variável crucial é o investimento e desta vez não podemos correr o risco de ter mau investimento de novo, porque já estamos muito endividados e com taxas de juro baixas”.

Fernando Alexandre, professor da escola de economia e gestão da Universidade do Minho, evidencia que “o investimento das empresas portuguesas está em níveis mínimos” e que “são as empresas mais endividadas do mundo”.

“A dívida aumentou significativamente nos últimos dez anos (…) o país não pode entrar novamente num novo ciclo de endividamento que não se reflita em melhor produtividade e melhor investimento”, alerta. Explicando ainda que foi “criado um endividamento para financiar investimento de má qualidade e toda aquela dívida que se criou não se traduziu em melhoria da produtividade e recuperação em relação aos nossos parceiros europeus”.

Aumento da produtividade passa pelo investimento

O presidente do conselho de administração do Banco Empresas Montepio acrescenta ainda que a produtividade de Portugal é metade em relação aos países mais produtivos na Europa e de 60% em comparação à média europeia. “Isto é um gap de produtividade que se mantém há 40 anos. Chegamos ao século XXI e estagnamos, não porque tenhamos deixado de investir, mais sim pela qualidade do investimento entre 2000 e 2015. A produtividade marginal do investimento foi inferior ao custo marginal”, explica, Carlos Tavares, na conferência “Investimento e Capitalização das empresas: uma visão estrutural”, que reuniu mais de 200 pessoas em Braga.

Fernando Alexandre corrobora a ideia de Carlos Tavares e destaca que “até 2000 tivemos crescimentos da produtividade mais ou menos significativos, mas desde 2000 a produtividade é a mesma ano após ano”.

O professor da escola de economia e gestão da Universidade do Minho aconselha as empresas a investir para aumentar a produtividade. O ECO perguntou como? Na ótica do professor, fontes de financiamento alternativas podem ser parte da solução. Sugere a “entrada de capital de outros sócios, através do financiamento da banca ou até mesmo através de capitais próprios”.

“O tecido empresarial deve olhar para o mercado numa escala global e as empresas têm que encontrar formas de entrar nesses mercados”, destaca Fernando Alexandre. Concluindo que “as grandes cadeias de valor global controlam cerca de 2/3 do comércio mundial”.

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