Microsoft, Amazon, Cisco… O Web Summit ainda é um evento de startups?
À medida que a conferência cresce, aumenta o interesse das grandes marcas no Web Summit. Ainda há peixes neste mar de tubarões?
Microsoft, Cisco, Airbus, Google, Samsung, Accenture, Siemens. Tudo nomes conhecidos. Pelo meio, em pequenos stands, Ucraft, SoFivEco, BlutTV. No pavilhão seguinte, repete-se a paisagem: os logos da EDP, Amazon Web Services e KPMG saltam à vista. No outro, SAP, Via Verde, Porsche…
O Web Summit tem crescido de ano para ano. Desde 2016, a primeira edição em Lisboa, são cada vez mais as grandes empresas interessadas em usar os pavilhões da FIL como palco. Este ano, o recinto é maior e a área útil para exposição também. Mas, numa primeira impressão, o espaço reservados às startups é mais reduzido. Pelo menos nos dois primeiros pavilhões, os mais próximos da Altice Arena.
É a primeira vez que Shane Henderson vem ao Web Summit, mas a estratégia já vinha definida: “Procurar parceiros e investidores”, comenta com o ECO o product manager da GoJauntly, uma aplicação algo semelhante ao Google Maps, mas para trilhos outdoor e percursos turísticos. “Podemos perder-nos um bocadinho na multidão e no meio das outras grandes marcas”, reconhece.
A startup britânica só tem um dia para explorar um pequeno espaço neste Web Summit, pelo que o esforço tem de ser estendido aos restantes dias, com conversas e muito networking pelo meio. Qual é a estratégia para nadar neste mar de tubarões, que são as grandes multinacionais? O truque é não tentar competir. “É mais para nós conversarmos com estes tubarões e tentar que eles sejam parceiros”, diz.
"É um evento muito grande. Podemos perder-nos na multidão e no meio de todas as grandes empresas e startups.”
Resumindo, para Shane Henderson, a presença destas grandes empresas até pode retirar protagonismo às pequenas startups. “Mas, ao mesmo tempo, muitas das pessoas das grandes marcas são interessantes para se falar. Por isso, é bom tê-las cá também”, admite.
Depois, há o facto de algumas das pequenas startups terem, por trás, grandes empresas. É o caso da startup Kai Zen, uma aplicação de gestão de ativos, que é detida pelo grupo Becar Asset Management. Com origem na Rússia, o Web Summit faz parte de um plano de aproximação desta empresa ao mercado europeu.
Aleksandr Pestriakov é quem representa a Kai Zen neste evento. A empresa russa situa-se num pequeno stand junto de algumas das grandes marcas já mencionadas. Só descobriu o Web Summit “há dois meses”, mas acredita que, para já, entre grandes e pequenas empresas, a conferência acaba por ser “uma boa combinação de ambas”.
"Eu acho que é uma boa combinação [de pequenas e grandes empresas].”
Tem, no entanto, uma crítica a fazer. Não propriamente ao Web Summit em particular, mas ao ecossistema de uma forma mais geral. “Já aqui vi dezenas de palestras. E todas são muito, diria, idealistas. Em todas fala-se de grandes coisas, como a sustentabilidade, a criatividade. Mas são só grandes palavras. Nada de detalhes”, atira.
O Web Summit ainda é, sem dúvida, um evento para as pequenas startups. Mas a sua dimensão torna-o cada vez mais apetecível às marcas de maior dimensão, sobretudo no setor da tecnologia. Em suma, apesar de haver mais espaço nesta edição, o núcleo duro da conferência continua a ser a Altice Arena. E os primeiros pavilhões da FIL são, por isso, e a cada ano, uma montra cada vez mais importante para as gigantes do setor.
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