Ericsson admite atraso no 5G em Portugal, mas está “totalmente” preparada para o lançamento
O líder da Ericsson Portugal, Luís Silva, garantiu que a empresa tem tudo a postos para o lançamento do 5G no país, mas admitiu que o processo está "atrasado" comparativamente com o resto da Europa.
O presidente da Ericsson Portugal, Luís Silva, assumiu que o país está “atrasado” no lançamento da rede 5G comparativamente com os parceiros europeus, mas garantiu que a empresa está “totalmente” preparada para o arranque da quinta geração de rede de comunicações no país.
“Estamos totalmente preparados para fazer o lançamento”, disse Luís Silva, num encontro com jornalistas em Lisboa. No entanto, o líder da tecnológica mostrou-se desiludido com o ritmo que o processo tem tomado em Portugal: “Gostaríamos que fosse um bocadinho mais rápido”, confessou, esta quarta-feira.
Estas declarações surgem uma semana depois de os líderes das três principais operadoras portuguesas — Meo, Nos e Vodafone — terem alertado, no principal congresso do setor, para um atraso no lançamento do 5G em Portugal, responsabilizando a Anacom. O regulador tem rejeitado que o processo esteja atrasado e garantido que o país vai cumprir as metas europeias.
Instado a dar a opinião sobre o estado do dossiê, Luís Silva foi perentório: “Estamos atrasados? Estamos atrasados. No 4G [em 2012], chegámos a estar dois anos à frente dos nossos colegas da CE [Comunidade Europeia]. No 5G não é o caso. É uma realidade: não temos as frequências atribuídas. Se fizermos a analogia com Espanha, já têm espetro atribuído e operadores comercialmente a vender o serviço. Não estamos na primeira onda da vaga tecnológica”, disse o presidente executivo da Ericsson Portugal.
Sobre a origem do atraso, Luís Silva não mencionou nomes. Mas sugeriu alinhar com a posição das operadoras de que o problema foi motivado por um atraso do regulador do setor: “Não havendo frequências, não há disponibilidade de serviços”, notou o gestor. A Anacom quer dar início ao leilão de frequências em abril de 2020, num sentido provável de decisão cuja consulta pública termina esta quarta-feira.
Estamos totalmente preparados para fazer o lançamento. (…) Gostaríamos que fosse um bocadinho mais rápido.
Falta espetro? “Há o necessário” para o 5G, garante a Ericsson
As operadoras portuguesas também têm alertado para uma eventual escassez do espetro disponível para o 5G e avisam que o país poderá não conseguir ter uma rede suficientemente desenvolvida.
Em causa, o facto de uma parte significativa do espetro ser controlado pela Dense Air, uma empresa que, acusam, não tem atividade no setor. Alegadamente, a licença da Dense Air deveria ter caducado se não fosse explorada de forma efetiva até 2012.
A Ericsson Portugal desvalorizou os alertas e considerou que existe o “espetro necessário para se prestar um bom serviço”. “Para termos bons casos de uso e bom serviço na quinta vaga tecnológica, deverá haver disponíveis entre 80 MHz e 100 MHz [por operadora]. Essa é a nossa recomendação”, disse Luís Silva.
Vão existir 13 milhões de subscritores de 5G até ao fim do ano
A Ericsson é uma das fabricantes que fornece tecnologia às operadoras para o 5G. De acordo com dados da empresa, a Ericsson tem 76 contratos de 5G com operadoras em todo o mundo e 23 redes de 5G já a operar. “Portugal não está aqui. Acredito que Portugal possa estar aqui este ano”, reforçou Luís Muchacho, network pre-sales director da Ericsson Portugal, no mesmo evento em Lisboa.
Até ao final de 2019, a empresa estima que estas redes vão potenciar a existência de 13 milhões de subscritores de ofertas comerciais de quinta geração, no conjunto das 23 redes já disponíveis atualmente. “A grande fatia [estará concentrada] na Coreia do Sul e Estados Unidos”, detalhou.
O 5G é a quinta geração de rede de comunicações e representa a evolução das atuais redes de quarta geração, disponíveis por todo o país. É caracterizada por permitir acessos muito mais rápidos à internet e por suportar uma quantidade muito maior de dispositivos ligados. A tecnologia tem sido apontada como crítica para a competitividade do país.
Segundo a Ericsson Portugal, estas são características que vão desbloquear uma série de outras tecnologias avançadas, algumas com capacidade para “salvar vidas”. Entre as possibilidades explicadas pela empresa estão as “cirurgias remotas”, um caso que tem vindo a ser analisado no setor da saúde por permitir um acesso a cuidados especializados nas regiões mais distantes dos grandes centros urbanos.
“Onde prevemos que o 5G tenha mais impacto é na saúde, indústria, energia e utilities“, resumiu Nuno Roso, responsável da área de Serviços Digitais da tecnológica.
(Notícia atualizada pela última vez às 11h43)
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