Em PER, Orey quer manter salários da administração. Duarte d’Orey recebeu 322 mil euros em 2018
Empresa convocou acionistas no dia em que anunciou plano de recuperação. Além de aprovar contas e votar confiança nos gestores, acionistas vão decidir salários e compra de ações e obrigações próprias.
Após ter fechado 2018 com prejuízos de 10,77 milhões de euros, a Orey Antunes pediu abertura de um Processo Especial de Revitalização (PER). A decisão foi conhecida esta quinta-feira à noite, sendo que a empresa convocou também os acionistas para uma assembleia geral no dia 20 de dezembro em que quer aprovar contas, dar um voto de confiança à administração e, apesar da situação financeira, dar luz verde à manutenção dos salários dos gestores.
“A comissão de remunerações tem o entendimento de que uma declaração sobre política de remunerações, pela natureza do conjunto de princípios, deverá ser estável durante todo o período do mandato (2017-2020)“, pode ler-se na convocatória para a assembleia geral de acionistas, cuja quinto ponto é exatamente a “apreciação e sufrágio” da política de remunerações dos membros dos órgãos de administração e fiscalização.
A situação económica da empresa é vista como um “critério que tem de ser compreendido e interpretado com cuidado”, segundo a administração. “A dimensão da sociedade, e inevitável complexidade de gestão associada, é claramente um dos aspetos relevantes da situação económica entendida na sua forma mais lata. As implicações existem quer na necessidade de remunerar uma responsabilidade que é maior em sociedades maiores e com modelos de negócios complexos quer na capacidade de remunerar adequadamente a gestão“, explica.
Esta será a primeira assembleia de acionistas após o pedido de PER, que não abrange a Orey Gestão Imobiliária nem a Orey Financial. Este foi apresentado na sequência do processo de desalavancagem e de aumento de rentabilidade que tem sido implementado nos últimos quatro anos. Apesar dos esforços, mantém-se um desequilíbrio financeiro de 12 milhões de euros, o que representa um risco de liquidez.
627 mil euros para remunerar administradores
Ainda assim, a empresa lembra que a necessidade de ir ao encontro das práticas de mercados nos salários. “Só o respeito pelas práticas do mercado permite manter profissionais de um nível ajustado à complexidade das funções a desempenhar e responsabilidades a assumir e assim assegurar não só os interesses do próprio, mas essencialmente os da sociedade e a criação de valor para todos os acionistas”.
Apesar de não especificar os montantes, aponta para a manutenção da remuneração face ao que tem sido praticado. Em 2018, o grupo gastou 626.771 euros nos salários do conselho de administração, que era então composto por dez membros, segundo dados do Relatório e Contas de 2018. Este ano, esse número caiu para seis pessoas.
Só o presidente do conselho de administração e CEO, Duarte d’Orey, recebeu 322 mil euros. Destes, 182 mil euros dizem respeito à componente fixa, correspondente a 13 mil euros por mês (multiplicados por 14 meses). Acrescem ainda outros 140 mil euros respeitantes a despesas de representação e senhas de presença.
Acionistas dão ok a compra de obrigações e ações
A Orey pretende com o PER “estabelecer negociações com os seus credores de modo a concluir um acordo conducente à sua revitalização, através da implementação de medidas de regularização do passivo que assegurem a viabilidade da sociedade a longo prazo”. Nesta negociação pede aos credores detentores de créditos não subordinados e créditos subordinados perdão de parte das dívidas.
Há créditos que serão pagos, como os créditos tributários, créditos privilegiados e os garantidos, que equivalem, em conjunto, a mais de 75 milhões, tanto a pronto como em prestações, mas há depois outros com um valor global de cerca de 50 milhões que ou não serão pagos de todo ou com um perdão entre 90% a 95% do montante em dívida e a totalidade dos juros.
O total do passivo da empresa, a 31 de dezembro, era de 68,5 milhões de euros, sendo que os empréstimos obrigacionistas totalizavam quase 11 milhões de euros. Os acionistas vão também votar na assembleia geral um programa de compra de ativos próprios.
“Constitui interesse da sociedade e, bem assim, das sociedades suas dependentes, dispor (…) da possibilidade de efetuar operações sobre obrigações próprias, incluindo operações de aquisição e alienação de obrigações próprias ou de outros valores mobiliários ou títulos de dívida emitidos pela própria sociedade”, refere a proposta. O montante não é especificado, mas o preço das operações fica limitado a um desconto ou um prémio de 40%.
Já no caso da compra de ações próprias, a sociedade — que detinha no final do ano passado direta e indiretamente 145.385 ações próprias, correspondentes a 1,21% do capital social e direitos de voto — poderá, se o ponto for aprovado, reforçar a posição até aos 10%. As ações, que desvalorizaram 75% desde o início do ano, reagem esta sexta-feira em alta ao anúncio do PER e valorizam 3% na bolsa de Lisboa para 10,50 cêntimos.
Investidores aplaudem PER
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