BE tenta tirar dividendos da mensagem de Marcelo para o debate do OE

  • Lusa
  • 1 Janeiro 2020

Com o debate do Orçamento do Estado à porta, o Bloco de Esquerda considera "muito significativo" que o Presidente da República lembre que o PS não teve maioria absoluta.

O eurodeputado do Bloco de Esquerda (BE) José Gusmão considerou hoje “muito significativo” que o Presidente da República tenha recordado que “foi escolha dos portugueses” o PS não ter maioria absoluta, especialmente em altura de debate orçamental.

“Precisamos de saber, e precisamos de decidir, se o crescimento que foi tornado possível pela política de devolução de rendimentos, pela qual o Bloco se bateu, vai ou não ser utilizado para o investimento no desenvolvimento do país, dos seus serviços públicos, de políticas sociais que não deixem ninguém para trás, pelo emprego, pelo salário e por uma resposta determinada e eficaz ao grande combate do nosso tempo, que é o combate às alterações climáticas”, disse.

Comentando a mensagem de Ano Novo do Presidente da República, na sede do partido, em Lisboa, José Gusmão atirou que é preciso “decidir se estas escolhas para o desenvolvimento económico e social do país são mais importantes do que algumas décimas de superavit para mostrar em Bruxelas”.

“E estas escolhas têm tudo a ver com as opções e com os compromissos que serão feitos em sede de debate orçamental”, considerou, vincando que “é, por isso, muito significativo que o Presidente da República, neste momento em que se debate o Orçamento do Estado para 2020, tenha recordado todos os atores envolvidos”.

Na ótica do BE, é também significativo que Marcelo Rebelo de Sousa tenha assinalado na comunicação ao país “que foi escolha dos portugueses que o Partido Socialista tivesse maioria, como foi escolha dos portugueses que o Partido Socialista não tivesse maioria absoluta“.

Segundo o eurodeputado, o Presidente da República, ao “recordar esse facto neste momento de debate orçamental, convoca naturalmente o Governo e o Partido Socialista para procurar entendimentos e convergências que procurem prosseguir estas prioridades para as quais o Bloco de Esquerda tem alertado, e em torno das quais fará propostas no debate de especialidade”.

O Presidente da República desejou hoje um 2020 “de esperança”, com um “Governo forte, concretizador e dialogante”, uma “oposição forte e alternativa” e pediu que se concentrem esforços “na saúde, na segurança, na coesão e inclusão”.

Aos jornalistas, José Gusmão afirmou que o partido acompanha “a escolha do Presidente da República, da crise social e da crise climática como aspetos centrais da sua mensagem ao país” e mostrou-se disponível “para contribuir para muitas das preocupações que foram levantadas” e que vão inclusivamente ao encontro de propostas que o partido vai “apresentar no debate orçamental durante as próximas semanas”.

“A resposta a estas duas emergências, que o BE tem identificado, e em torno das quais tem feito muita da sua proposta política exige fazer uma escolha nos debates que neste momento o país acompanha, nomeadamente o debate sobre o Orçamento do Estado”, vincou.

Questionado sobre se o BE está disponível para viabilizar o Orçamento do Estado para 2020, José Gusmão salientou que “o voto do Bloco na generalidade continua em aberto”.

“Iremos ter reunião de mesa nacional no próximo dia 04 e aí tomaremos a decisão”, apontou o dirigente.

Numa mensagem de Ano Novo, a partir da ilha do Corvo, nos Açores, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, em Portugal, “esperança quer dizer Governo forte, concretizador e dialogante para corresponder à vontade popular que escolheu continuar o mesmo caminho, mas sem maioria absoluta”.

A esperança também significa “oposição forte e alternativa ao Governo”, acrescentou, na mensagem em que confessou a sua admiração pelos “corvinos e açorianos”, que vivem no meio do Atlântico.

Como já tinha dito na posse do atual Governo minoritário do PS, em outubro, em que falou dos recursos limitados do país, o Presidente pediu que se concentrem esforços em várias áreas chave: “Concentremo-nos na saúde, na segurança, na coesão e inclusão, no conhecimento e no investimento, convertendo a esperança em realidade”.

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