Mensagem de Ano Novo? O que já disse Marcelo Rebelo de Sousa
Marcelo Rebelo de Sousa faz, na quarta-feira, a sua quarta mensagem de Ano Novo como Presidente da República. Em 2017 fez elogios e avisos, no ano seguinte pediu prudência e em 2019 "bom senso".
Marcelo Rebelo de Sousa faz, na quarta-feira, a sua quarta mensagem de Ano Novo como Presidente da República, depois dos elogios e avisos de 2017, ter pedido prudência em 2018 e “bom senso” em 2019.
Este ano, e pela primeira vez, a mensagem de Ano Novo do Presidente da República é transmitida a partir do Corvo, nos Açores, onde Marcelo faz a sua passagem de ano, com os habitantes da ilha açoriana, a 1.890 quilómetros de Lisboa.
Eleito em 24 de janeiro de 2016, tomou posse em 9 de março e fez a sua primeira mensagem aos portugueses, através da televisão, a 1 de janeiro de 2017. Todas as mensagens são muito curtas, com cerca de oito minutos.
Na sua primeira mensagem de Ano Novo a 1 de janeiro de 2017, com o Governo minoritário do PS, e o apoio da esquerda, há pouco mais de um ano no poder, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu 2016 como o ano da “gestão imediata”, em que foram dados “pequenos passos” e desejou que o ano tivesse mais “crescimento económico”.
“2016 foi o ano da gestão do imediato, da estabilização política e da preocupação com o rigor financeiro. 2017 tem de ser o ano da gestão a prazo e da definição e execução de uma estratégia de crescimento económico sustentado. Aprendendo a lição de que, no essencial, tivemos sucesso quando nos unimos”, disse.
No primeiro dia do ano, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou a indesmentível “estabilidade social e política”, salientando o acordo sobre o salário mínimo ou ainda a aceitação de dois Orçamentos do Estado pela União Europeia e a compensação a alguns dos mais atingidos pela crise.
“Quer isto dizer que demos passos – pequenos que sejam – para corrigir injustiças e criámos um clima menos tenso, menos dividido, menos negativo cá dentro e uma imagem mais confiável lá fora, afastando o espetro da crise política iminente, de fracasso financeiro, de instabilidade social que, para muitos, era inevitável. Tudo isto foi obra nossa – nossa, de todos os portugueses. No entanto, ficou muito por fazer”, sublinhou.
As mensagens de Ano Novo têm servido, a um Presidente da República que fala aos jornalistas quase diariamente, para lançar alertas ao Governo e outros atores políticos e sociais, a exemplo do que fizeram os seus antecessores em democracia, no pós-25 de Abril de 1974.
E a de 2017 não foi exceção, ao salientar que “ficou muito por fazer”.
O Presidente fez um “balanço positivo” do ano que tinha passado, mas lamentou o crescimento económico “tardio e insuficiente”, os cortes de financiamento em “domínios sociais”, a dívida pública “muito elevada” e a justiça lenta.
“O caminho para 2017 é muito simples – não perder o que de bom houve em 2016 e corrigir o que falhou no ano passado. Não perder estabilidade política, paz e concertação, rigor financeiro, cumprimento de compromissos externos, maior justiça social, formação aberta ao mundo, proximidade entre poder e povo”, defendeu.
O ano de 2017 foi marcado pelos grandes incêndios florestais, em junho e outubro, que fizeram mais de 100 mortos, centenas de feridos e milhões de euros de prejuízos, no interior do país.
Foram acontecimentos que puseram o Presidente a visitar a zonas atingidas, pressionando a resolução dos problemas das famílias afetadas, o que o levou a dizer que aquele tinha sido um ano “estranho e contraditório”, “povoado de reconfortantes alegrias e de profundas tristezas”.
Se o ano tivesse acabado em 16 de junho, tudo estaria bem, afirmou, mas “um outro ano, bem diverso, se somou ao primeiro, a partir de 17 de junho”, dia dos grandes incêndios de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria.
“O passado bem recente serve para apelar a que, no que falhou em 2017, se demonstre o mesmo empenho revelado no que nele conheceu êxito. Exigindo a coragem de reinventarmos o futuro”, afirmou.
Os indicadores da economia e das finanças públicas foram positivos, “como se de um sonho impossível se tratasse”, admitiu.
Mas, esse sucesso aconselhou o ex-comentador político, também a colocar “fasquias mais altas no combate à pobreza, às desigualdades, ao acesso e funcionamento dos sistemas sociais e aconselhando prudência no futuro”.
Mudanças que Marcelo Rebelo de Sousa admitiu terem começado no “ciclo político anterior”, do Governo PSD/CDS-PP, e foram confirmadas com a solução política atual que “tão grandes apreensões e desconfianças havia suscitado”, “cá dentro e lá fora”.
Mais uma vez, a mensagem de Ano Novo foi curta, durando oito minutos, e o chefe de Estado optou por fazê-la a partir da sua casa de Cascais, arredores de Lisboa, ainda a convalescer de uma intervenção cirúrgica a uma hérnia umbilical
E para o ano que nesse dia começava, o Presidente sugeriu que fosse “o ano da reinvenção”.
Na mensagem de 2019, ano em que os portugueses foram por duas vezes às urnas (europeias e legislativas, mais as regionais na Madeira), o Presidente apelou ao exercício do voto e considerou fundamental bom senso nessas campanhas, advertindo que radicalismos, arrogâncias e promessas impossíveis destroem a democracia.
Foi a pensar nas europeias e legislativas, ganhas pelo PS, que defendeu que “bom senso” e “ambição” não são incompatíveis em democracia e, nesse sentido, traçou objetivos para Portugal nos planos político, económico e social.
“Podemos e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira aproximar-se das mais dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de convergência agora retomado. Podemos e devemos ter a ambição de ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a fatalidade de termos portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito desiguais”, lamentou.
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