Malparado na banca cai para 7,7% no terceiro trimestre. Faltam limpar mais de 21,7 mil milhões
Bancos portugueses tinham quase 22 mil milhões de euros em NPL. Rácio continua a baixar, em linha com as exigências das autoridades: está agora nos 7,7%.
Trimestre a trimestre, os bancos portugueses vão mantendo o esforço de redução do crédito malparado no sistema nacional. O rácio de empréstimos não produtivos (os chamados Non Performing Loans) cedeu para 7,7% no terceiro trimestre do ano passado, segundo dados do Banco de Portugal. Ainda assim, ainda há muito para limpar: 21.736 milhões de euros.
Entre janeiro e setembro, a banca baixou a exposição ao malparado em 4.120 milhões de euros, o que permitiu baixar o rácio em 1,7 pontos percentuais em nove meses, mostra o relatório do Sistema Bancário Português divulgado esta quinta-feira pelo supervisor.
O problema afeta mais as empresas do que as famílias. Entre os particulares, o rácio de malparado era de 4% no final de setembro. Já no segmento empresarial o nível de empréstimos problemáticos atingia os 15,7%.
Já o rácio de NPL líquido de imparidades — isto é, já descontando o dinheiro que os bancos puseram de lado para fazer face a eventuais perdas com estes créditos em situação de não-pagamento — baixou 0,9 pontos no mesmo período para atingir os 3,4% (ou 10.118 milhões de euros) final de setembro.
Malparado continua em queda
Fonte: Banco de Portugal
Por definição, um crédito malparado surge quando um cliente bancário deixa de pagar as prestações de um empréstimo e o banco tem de classificar esse crédito como não produtivo. E é um problema para o banco porque pode perder parte ou a totalidade do empréstimo, assim como os juros e comissões. Por outro lado, os reguladores tendem a exigir mais requisitos de capital aos bancos com níveis elevados de NPL.
Em Portugal, o malparado continua a ser um dos principais desafios. Mas a tendência de redução do stock e do rácio tem sido por demais evidente nos últimos anos. Depois de ter atingido o pico no final de 2015, nos 50 mil milhões de euros (17,5% do total dos empréstimos), o malparado tem vindo a reduzir-se de forma significativa fruto sobretudo das reestruturações levadas a cabo nos principais bancos. De lá para cá o volume de NPL no balanço dos bancos já caiu mais de 25 mil milhões de euros, ou seja, reduziu-se para menos de metade. As autoridades estão a exigir um rácio de 5% rumo a essa meta que os bancos correm.
A diminuição do malparado tem sido conseguida sobretudo através da venda de carteiras a empresas especializadas na recuperação de créditos. Outros caminhos passam pelos processos de recuperação dos empréstimos pelos próprios bancos ou pelo abate dos empréstimos no ativo.
Bancos mais sólidos e rentáveis
O terceiro trimestre ficou também marcado pelo reforço dos fundos próprios dos bancos. O rácio de fundos próprios totais aumentou 0,3 pontos percentuais para 16,4%, “refletindo a emissão de instrumentos elegíveis para fundos próprios adicionais de nível 1 (Additional Tier 1) e para fundos próprios de nível 2 (Tier 2) por parte de duas instituições de maior dimensão”. Por exemplo, o BCP emitiu 450 milhões de euros em dívida subordinada no mês de setembro.
Já o rácio de alavancagem aumentou 0,1 pontos para 7,8%, “mantendo-se acima do mínimo de referência definido pelo Comité de Supervisão Bancária de Basileia (3%), o qual se tornará um requisito de cumprimento obrigatório a partir da data de início de aplicação do novo CRR (28 de junho de 2021)”, assinala o Banco de Portugal.
Quanto aos indicadores de rentabilidade da banca nacionais, a rentabilidade do ativo (ROA) registou uma evolução estável no terceiro trimestre, situando-se em 0,8%. Já a rendibilidade do capital próprio (ROE) aumentou 0,4 pontos, para 9,1%.
“A estabilidade do ROA refletiu, por um lado, o aumento de 4,2% da margem financeira e, em menor grau, a diminuição de 20,5% do fluxo líquido de provisões e imparidades. Por outro lado, estes contributos positivos foram compensados por uma deterioração dos resultados de operações financeiras em 36,3%, um aumento de 2,4% dos custos operacionais e uma redução de 26,2% dos outros resultados”, explica o supervisor.
A eficiência do sistema bancário, medida pelo rácio cost-to-income, diminuiu em relação ao período homólogo, refletindo o referido aumento dos custos operacionais, o qual foi superior ao crescimento do produto bancário.
(Notícia atualizada às 13h03)
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