E de elogio, engodo ou excedente? O dicionário do Orçamento do Estado

Para caracterizar o Orçamento do Estado, às vezes uma letra basta. Para Mário Centeno, este é o Orçamento da letra E, o que alguns partidos até concordaram. As palavras é que diferem.

O Orçamento do Estado para 2020 tem mais de 300 páginas, mas para os deputados basta uma ou duas letras para o descrever. No último dia de debate na generalidade do OE2020, o ministro das Finanças defendeu o documento que apresentou no Parlamento, caracterizando-o como o orçamento do E e do F. Mas não foi o único que fez uso do abecedário para dar a opinião sobre o documento, com palavras como “engodo” e “excedente”.

“E” de equilíbrio, economia, estabilidade, empresas, emprego e esquerda. Estas seis palavras servem para fazer o retrato do OE para o ministro das Finanças. “O E é a quinta letra do alfabeto e este é também o quinto Orçamento deste Governo. E é também o Orçamento do F de futuro”, reiterou Mário Centeno.

Depois do discurso do ministro das Finanças, o PSD quis corrigir um “E” do Orçamento. “O E de excedente, na realidade não é de excedente porque o que vamos votar é um conjunto de mapas que geram um défice em contabilidade pública“, atirou Álvaro Almeida.

Já o PCP foi rápido em notar que faltam alguns “E” ao Orçamento. O deputado comunista Duarte Alves sublinhou que o englobamento dos diversos tipos de rendimentos em sede de IRS é “mais uma palavra começada por E que podia estar no Orçamento”.

Quando chegou a vez do PEV, mais uma sugestão. Reagindo às declarações de Centeno, José Luís Ferreira desafiou o ministro a “adicionar mais um E à sua coleção, agora de explicar”, para perceber “como pode afirmar que não se pode dar passo maior que a perna quando estamos perante uma situação orçamental que aponta para um excedente de 0,2%”.

As palavras começadas pela quinta letra do alfabeto ainda não se esgotaram por aqui. A deputada do CDS-PP, Cecília Meireles, recorda Centeno de que se esqueceu do E de elogio, neste caso de autoelogio. “Até Fernando Pessoa convocou para se autoelogiar. Se este fosse um discurso sobre aumentos da carga fiscal, poderia autoelogiar-se, mas como foi sobre Orçamento, acho que não se justifica”, comentou a deputada, referindo-se às declarações do ministro de que o poeta português “apreciaria a responsabilidade de manter o Orçamento equilibrado”.

Depois de todas estas sugestões, André Ventura do Chega decidiu mudar a letra. Disse que este é o Orçamento NA, em que “ninguém acredita”.

O debate avançou, mas nem por isso o dicionário foi guardado. Quando a discussão se centrou na Saúde, o deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite voltou a trazer a letra mágica. “Este é o OE da letra E: E de engodo que quer enganar os portugueses”, disse.

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