Lagarde alerta que juros baixos limitam a margem de manobra do BCE numa nova crise

Desafios associados à desaceleração económica, ao envelhecimento populacional, bem como o legado da crise financeira são, segundo a presidente do banco central, justificação para rever a estratégia.

Uma década de políticas monetárias para combater a crise e estimular a economia estão a deixar o Banco Central Europeu (BCE) com espaço limitado de atuação. O alerta foi feito pela própria presidente Christine Lagarde, esta quinta-feira na audição trimestral no Parlamento Europeu, onde apontou para novas preocupações como o coronavírus.

“Passaram mais de 16 anos desde que o BCE reviu a estratégia, pela última vez. Como discutimos em dezembro, desde 2003 que a economia mundial sofreu profundas mudanças estruturais que transformaram o ambiente em que a política monetária opera”, começou por dizer Lagarde, que lançou este mês a revisão estratégica do banco central, que deverá decorrer ao longo deste ano.

“Mais especificamente, a tendência decrescente de crescimento apoiada na desaceleração do aumento da produtividade e no envelhecimento populacional, bem como o legado da crise financeira fizeram baixar as taxas de juro. Este ambiente de baixas taxas de juro e baixa inflação reduziram significativamente o espaço que o BCE e outros bancos centrais no mundo têm para aliviar a política monetária face a uma inversão económica“, alertou.

O BCE, que mudou de presidente no final do ano passado, tem atualmente em curso um pacote de medidas para continuar a alimentar o crescimento económico na Zona Euro, que inclui taxas de juro em mínimos históricos (com os depósitos dos bancos mesmo com juros negativos) e um mega programa de compra de dívida.

No entanto, a estratégia do BCE tem recebido críticas, nomeadamente devido ao impacto para a rentabilidade da banca ou o desvio do preço dos ativos (incluindo do imobiliário) face ao risco. Estas críticas são uma das razões para a revisão estratégica do banco central, incluindo a forma de atuação, ferramentas, comunicação ou eficácia. O principal foco é se o BCE irá mudar a meta de inflação.

“À luz destas mudanças, é agora o tempo apropriado para conduzirmos a revisão estratégica com um domínio alargado que garante que o cumprimento contínuo do mandato serve o melhor possível os europeus“, defendeu Lagarde. A presidente do BCE afirmou que a economia da Zona Euro se mantém “resiliente”, mas alertou para as elevadas incertezas e novos riscos como o coronavírus.

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