EUA veem operadoras portuguesas afastadas da Huawei no 5G
"As operadoras de telecomunicações em Portugal irão implementar apenas tecnologia fiável", diz o vice-secretário Adjunto do Departamento de Estado para a comunicação cibernética.
O responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano, Robert Strayer, afirmou, em entrevista à Lusa, estar confiante que a longo prazo as operadoras portuguesas implementem “apenas” tecnologia fiável, deixando de trabalhar com a Huawei.
“Estou confiante de que, a longo prazo, conseguiremos alcançar o tipo certo de padrões [de segurança], o que significa que as operadoras de telecomunicações em Portugal irão implementar apenas tecnologia fiável“, disse o vice-secretário Adjunto do Departamento de Estado para a comunicação cibernética e internacional e para a política de tecnologia de informação.
“Aqueles que hoje têm tecnologia não confiável”, nomeadamente na rede 4G, esta pode ser “facilmente retirada à medida que são atualizados os equipamentos de comunicações ao longo do tempo”, acrescentou Robert Strayer, que esteve hoje reunido com as três operadoras de telecomunicações portuguesas – Altice Portugal, NOS e Vodafone Portugal -, bem como o regulador Anacom e parlamentares.
“E acho que, a longo prazo, o público exigirá que as suas informações privadas não estejam nas mãos do Partido Comunista chinês“, tal como a da sua propriedade intelectual, apontou.
Robert Strayer destacou que Portugal tem uma economia “muito vibrante” de pequenas e médias empresas (PME), bem como “o lugar da Web Summit”.
“Estes são exatamente o tipo de empresas que a China tem como alvo repetidas vezes” e tem “roubado a sua propriedade intelectual”, por isso as empresas chinesas “não devem ser participantes da evolução do 5G em Portugal”, reiterou Strayer, que tem agendado para quarta-feira reuniões com responsáveis governamentais portugueses.
Questionado sobre se está confiante que isso vai acontecer, o responsável pela política cibernética do Departamento de Estado norte-americano foi perentório: “Absolutamente”.
Para Robert Strayer, é uma “questão de tempo”, salientando que se está a assistir à evolução do 5G ainda numa fase inicial.
“Estamos a ver um nível muito básico do 5G”, mas quando “forem concebidos maiores padrões e houver maiores avanços nas aplicações”, isso representará “novas gerações de equipamento que estarão no mercado”, acrescentou.
Ou seja, haverá maior diversificação da oferta.
“E quando as operadoras de telecomunicações desenvolverem a tecnologia, deverão fazê-lo apenas com fornecedores confiáveis”, insistiu.
“Os Estados Unidos e Portugal mantêm uma estreita relação económica e de segurança”, sublinhou Robert Strayer, salientando que enquanto membros da NATO os dois países têm trabalho em operações militares como também em todos os tipos de atividades de manutenção da ordem.
“Será muito importante termos tecnologia de confiança em Portugal nas redes 5G, tal como termos nas redes de tecnologia dos Estados Unidos, para garantir que continuamos a partilhar informação da forma que precisamos para manter esse tipo de ritmo e cooperação operacionais” no futuro, prosseguiu Robert Strayer.
“Gostaria que as pessoas em Portugal entendessem duas coisas: uma é que qualquer tipo de ‘software’ ou ‘hardware’ precisa de ser atualizado ao longo do tempo”, disse, salientando que é “impossível” encontrar todos os eventuais problemas do sistema (se este for comprometido).
“É por isso que só se pode ter fornecedores fiáveis. Não há técnica de teste que o torne seguro“, enfatizou.
“Além disso, a cooperação económica entre Portugal e os Estados Unidos precisa de ser mantida a um nível muito alto”, apontou.
“Quando as nossas empresas trabalham com as empresas portuguesas”, onde está a Cisco, entre outras, “estão a trabalhar muitas vezes com pequenas e médias empresas”, disse o responsável.
“Fazemos isso para que possamos crescer juntos e partilhar os nossos valores e tecnologias no futuro. Quando a China desenvolve tecnologia, fazem-no num ecossistema fechado”, referiu.
“Eles [chineses] trabalham na maioria e apenas com empresas chinesas. Eles não convidam as pequenas e médias empresas de Portugal para esse desenvolvimento tecnológico, e irão excluir Portugal do desenvolvimento” da mesma forma que o fariam “se trabalhassem com tecnologicas ocidentais dos Estados Unidos e do resto da Europa”, concluiu o governante norte-americano.
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