Norges Bank reduz investimento em Portugal. Estes são as apostas do maior fundo soberano do mundo
Fundo soberano da Noruega tinha, no final do ano passado, menos participações em ações e obrigações em Portugal. Valorização dos ativos que manteve fizeram com que o montante total alterasse pouco.
O Norges Bank reduziu o número de investimentos que tem em Portugal, tanto na dívida como nas ações. Mas num ano de valorizações generalizadas, o valor dos ativos que detém no país manteve-se próximo de 1,4 mil milhões de dólares (equivalente a 1,28 mil milhões de euros), no final de 2019. O montante divide-se por 20 investimentos em ações portuguesas e seis em obrigações.
Nas ações, o fundo soberano da Noruega abandonou uma posição: na Teixeira Duarte (onde, no final de 2018, detinha 177,9 mil euros), mantendo-se como acionista em 20 outras empresas, incluindo 17 das 18 do PSI-20. A única que fica de fora é a F. Ramada, revela o relatório anual divulgado esta quinta-feira.
Por outro lado, a cotada preferida do fundo é a EDP, na qual detém 461,27 milhões de dólares em ações (2,91% do total do capital da elétrica). Na energia, o Norges Bank detém ainda participações na EDP Renováveis (27,8 milhões de dólares) e na REN (28,7 milhões de dólares). Nos três casos, as posições foram reforçadas. O mesmo não aconteceu com a Galp Energia. Num ano em que o fundo do petróleo começou a desinvestir no setor, reduziu a participação na petrolífera portuguesa para 86,9 milhões (de 152 milhões de dólares). De 1,33%, passou a ter apenas 0,63%.
Entre os restantes “pesos pesados” do índice português, o Norges Bank desinvestiu também no BCP, tendo passado a deter apenas 1,25% do capital do banco (42,9 milhões, contra os 61,2 milhões no ano anterior), na Nos (em que passou a deter 2,74% ou seja 76,1 milhões) ou na Mota-Engil (para 11,5 milhões ou 2,31% do capital).
Além de quase todas as cotadas do PSI-20, há ainda empresas que negoceiam no PSI Geral que estão no radar do Norges Bank. É o caso da Sonaecom — da qual o Norges Bank detém 4,9 milhões (0,71%) — e da Impresa — em que tem 396,5 mil (1%). Também a Sonae Indústria estava, no final do ano passado, nas escolhas do fundo, que detinha uma posição avaliada em 223 mil dólares ou 0,5% do capital.
Histórico de posições do Norges Bank em ações portuguesas
Fundo tem menos dívida soberana, mas entrou nos Açores
Apesar de o maior fundo soberano do mundo ter reduzido a posição acionista em Portugal, o valor total dos investimentos em ações manteve-se praticamente inalterado graças às fortes valorizações das participações que manteve. Aliás, foi o boom nas ações globais que impulsionou os retornos do fundo no ano passado. O Norges Bank ganhou 180 mil milhões de dólares (165 mil milhões de euros), o que equivale a um retorno de 20% e representa o segundo melhor desempenho na sua história.
A nível global, o investimento no mercado acionista observou um retorno de 26%, ficando acima dos outros ativos. É o caso do imobiliário (que o fundo não tem em Portugal), que rendeu 7%. Já as obrigações deram a ganhar 8%, num ano que ficou marcado pela enchente de dívida cujo preço disparou em linha com as yields negativas.
No mercado obrigacionista, o Norges Bank também reduziu em Portugal. Detinha, no final de 2019, seis investimentos em obrigações emitidas por entidades portuguesas, que totalizavam os 335,8 milhões. A maior parte do “bolo” diz respeito a dívida pública, que passou para 222,51 milhões, quase menos 100 milhões que no ano anterior. Apesar de ter reduzido nas obrigações emitidas pelo Estado, o fundo entrou na colocação de dívida feita pelos Açores (com garantias de Estado) com 22,8 milhões.
Entre outros investimentos em obrigações, o fundo era ainda detentor de dívida dos bancos Caixa Geral de Depósitos (17,4 milhões), da Caixa Económica Montepio Geral (50,9 milhões) e do BPI (12,5 milhões). No segmento de dívida de instituições financeiras, o fundo saiu assim do Santander Totta. Já no que diz respeito a empresas públicas, também houve reduções: o Norges Bank deixou de ser obrigacionista da CP – Comboios de Portugal e da IP – Infraestruturas de Portugal, mantendo-se apenas na Parpública, onde detém 9,7 milhões em obrigações.
Histórico de participações do Norges Bank em obrigações portuguesas
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