Bancos querem ficar com a Efacec. Processo de venda ainda não arrancou
O processo de venda da Efacec por parte de Isabel dos Santos ainda não arrancou formalmente, mas já chegaram manifestações de interesse à StormHarbour, a assessora do negócio.
No dia 24 de janeiro, na sequência dos “Luanda Leaks”, Isabel dos Santos anunciou a venda da Efacec, mas a operação ainda não arrancou formalmente. A StormHarbour, assessora do negócio, já recebeu várias manifestações de interesse na compra da empresa industrial, do todo e de segmentos de negócio, como o fundo Alpac Capital, apurou o ECO junto de fontes que conhecem as negociações.
Neste momento, decorrem negociações entre os representantes de Isabel dos Santos, a gestão executiva liderada por Ângelo Ramalho e os bancos credores, dos quais se destaca, de forma clara, a Caixa Geral de Depósitos. E, tudo, indica, a solução preferida pelos bancos mais expostos à Efacec, desde logo a CGD e o Novo Banco, é mesmo a tomada de controlo acionista da empresa, através de um veículo financeiro criado para o efeito, como o ECO Insider — a newsletter exclusiva para assinantes — revelou em primeira mão na passada sexta-feira.
Ainda assim, nem todos os bancos estão disponíveis para entrar neste veículo. Os maiores credores de Isabel dos Santos no financiamento da compra da Efacec são, por esta ordem, a CGD, o Novo Banco, o EuroBic, o BPI e o BCP. E parte da dívida de aquisição, cerca de 160 milhões de euros, está garantida. Ora, bancos como o BCP, que têm empréstimos garantidos, não estão disponíveis para entrar em qualquer veículo ou tomada de controlo acionista da Efacec. A razão é simples: Se assumirem o controlo acionista, vão assumir novos riscos de exposição de crédito à empresa.
Há desde logo um risco financeiro enorme pela frente: A Efacec emitiu 58 milhões de euros de obrigações ainda há poucos meses e uma mudança de propriedade da empresa tornará obrigatório o vencimento imediato daquelas obrigações. Haverá uma tese, jurídica, de que se a empresa for detida por vários fundos, cada um deles pertencente a um banco, essa obrigação não faria efeito, mas outra fonte garante ao ECO que o que conta, para este efeito, é a venda, não exatamente se é um comprador ou mais.
Já no Expresso do último fim de semana, o presidente do Novo Banco, António Ramalho, admitiu que poderia ser, temporariamente, acionista da Efacec, e que tem “acompanhado a CGD no sentido de apoiar qualquer solução”. Esta é uma solução possível para garantir que a empresa não deixa de ter acesso a garantias bancárias indispensáveis ao seu negócio enquanto a operação de venda não se realiza, e que demorará sempre entre três a seis meses.
Falta saber a que preço os bancos poderão comprar a Efacec, mas há valores de referência para o negócio: A dívida da empresa, incluindo a que permitiu a Isabel dos Santos realizar a aquisição e a própria dívida operacional, ultrapassa os 200 milhões de euros (sem contabilizar a referida operação de emissão de obrigações). E o EBITDA em 2019 foi de 23 milhões de euros.
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