Benfica com lucros recorde, Porto e Sporting em falência técnica
Venda de João Félix por 120 milhões robustece contas do Benfica. Falhanço na Champions deixa FC Porto fragilizado financeiramente. Sporting ganhou oxigénio com transferência de Bruno Fernandes.
Enquanto a liderança da Liga segue separada por apenas um ponto, com vantagem para o FC Porto, naquilo que são os resultados financeiros o rival Benfica tem a vitória assegurada. Impulsionados pela venda histórica de João Félix ao Atlético de Madrid no verão passado, as águias registaram um lucro recorde de 104,2 milhões de euros no primeiro semestre. Já os dragões, com o flop que foi a participação na Liga dos Campeões, tiveram prejuízos (também históricos) de 52 milhões de euros. No Sporting, a fazerem um campeonato abaixo das expectativas, os leões apresentaram um lucro de 2,8 milhões, ainda à espera que a venda de Bruno Fernandes ao Manchester United por 55 milhões se reflita nas contas.
O primeiro semestre da temporada 2019/2020 trouxe sabores agridoces para os três grandes do futebol nacional. Tanto dentro como fora de campo.
Se as contas do Benfica respiram saúde, depois da transferência de João Félix para o Atlético de Madrid por 120 milhões ter dado fôlego às finanças da SAD, dentro de campo as coisas são um pouco diferentes. As águias perderam subitamente vantagem de sete pontos que tinham na Liga Nos após vários jogos sem vencer, e estão agora na segunda posição. Fora isso, os adeptos têm razões para celebrar os bons indicadores financeiros de Luís Filipe Vieira.
O resultado operacional — as receitas obtidas menos as despesas — disparou 500%, passando de 20 milhões de euros para 116,7 milhões. Dado importante: os ganhos obtidos com transferências de jogadores ascenderam a 137 milhões de euros, explicando nessa medida a melhoria das operações. É isto que explica em grande medida o resultado líquido positivo de 104,2 milhões de euros, uma subida de 640% face ao mesmo semestre da temporada anterior.
No FC Porto e Sporting, as contas são naturalmente outras. Aliás, com a venda milionária de João Félix, a SAD encarnada saltou para outro patamar no que diz respeito à parte financeira.
Águias com lucro recorde, dragões com perdas históricas
A SAD portista acumulou um prejuízo de 52 milhões de euros entre junho e dezembro do ano passado. As perdas devem-se ao facto de a equipa principal não se ter apurado para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Com isso, o FC Porto deixou de receber um prémio de 40 milhões só pela entrada na prova milionária, ao qual poderia somar-se mais alguns milhões em função do desempenho. Os dragões terão agora de compensar estas perdas com a venda de ativos, nomeadamente de atletas.
No caso do Sporting, a venda de Bruno Fernandes não entra ainda nas contas, dado ter acontecido apenas no final de janeiro. O atleta foi vendido por 55 milhões aos ingleses do Manchester United, e por mais alguns milhões que serão desbloqueados em função do desempenho do atleta. Uma parte desse dinheiro foi diretamente para saldar a dívida aos bancos. Por outro, Varandas contratou Rúben Amorim para técnico da equipa principal por 10 milhões, com o qual espera dar a volta aos resultados menos favoráveis. Todos estes impactos irão estar refletidos nas contas anuais. Para já, o semestre terminou com os leões a registarem um lucro de 2,8 milhões e um resultado operacional negativo de 16 milhões.
Benfica com ativo de 600 milhões. Rivais mantêm falência técnica
João Félix é um bom exemplo (e caso raro) de como os clubes de futebol podem valorizar o seu património através da formação de jovens jogadores: entrou a custo zero para as camadas jovens e saiu, anos depois, com uma valorização de 120 milhões no negócio do Benfica com o clube madrileno.
Isto permitiu que o ativo da SAD encarnada superasse pela primeira vez os 600 milhões de euros no final de dezembro do ano passado (+26% face ao final da época transata). Neste período, o passivo também aumentou cerca de 20 milhões de euros para 385,3 milhões. Tudo conjugado, o balanço das águias é hoje muito saudável: o capital próprio ascende a 223 milhões. A SAD encarnada tem músculo financeiro reforçado para investir, e pode afastar-se da concorrência caso acerte nos investimentos e a equipa corresponda dentro de campo.
FC Porto e Sporting em falência técnica
Em sentido contrário, as duas SAD rivais mantiveram-se com capital próprio negativo, apresentando-se ambas as sociedades em situação de falência técnica. Na SAD portista, a situação patrimonial deteriorou-se de forma mais significativa: o ativo desvalorizou-se cerca de 15 milhões, enquanto o passivo aumentou quase 40 milhões para 444,5 milhões. Isto resultou num agravamento dos capitais próprios negativos para quase 90 milhões. Isto quer dizer o património do FC Porto é 90 milhões de euros mais curto do que as responsabilidades que tem de fazer face. E pode colocar os dragões em posição delicada no que toca a investimentos futuros.
Na SAD sportinguista, embora o ativo se tenha desvalorizado em 20 milhões, os leões também abateram ao passivo na mesma ordem de grandeza. Desse modo, os capitais próprios estabilizaram-se em -21 milhões de euros.
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