Na Fuel, “passámos a ter 85 novas agências, na casa de cada um dos colaboradores”
Em 48 horas, e com toda a equipa em teletrabalho, a Fuel colocou no ar o novo filme do Continente. 80 gigas de material a entrar de umas casas para as outras. Sim, a indústria criativa não parou.
As respostas são escritas por e-mail, no escritório de Alcântara da Fuel aka a casa da CEO da agência, Susana Coerver. Há uma semana “dei a hipótese não apenas aos funcionários de risco, mas também a todos aqueles que se sentissem mais seguros, de irem para casa. Sexta já estava tudo em casa, e fi-lo não apenas porque sabia que muitos tinham medo e preferiam estar em casa, mas também porque tinha a certeza de que, a maior parte, iria trabalhar mais e melhor a partir de casa. Já trabalhei três anos a gerir uma equipa à distância, e sei que é possível”.
Prova disso, que a criatividade não pára mesmo em tempos que exigem distanciamento físico mas encontro de ideias, é a campanha criada para o Continente, em apenas 48 horas, recorrendo a imagens de arquivo da marca e a banco de imagens.
Susana Coerver, um dos muitos portugueses que está a trabalhar a partir de casa, entrevistada na nova rubrica diária do ECO chamada Gestores em teletrabalho, descreve o processo: ” O cliente liga ao diretor criativo que começa a trabalhar na campanha. Fizemos o script que foi aprovado à primeira. Pesquisámos imagens de filme na agência (produtor, account, e uma produtora) e o cliente também. Nessa mesma noite o locutor gravou em casa com um microfone que tinha. De manhã avaliámos as propostas de todos e começámos a avaliar o filme e fizemos duas edições em simultâneo, uma na produtora e outra internamente pela equipa da agência (em casa) e acabámos por selecionar a edição da agência”. “No total foram partilhados 80 gigas de material a entrar de umas casas para as outras”, conta, ao ECO. “A música tinha sido feita para outro filme, mas o músico fez questão de pegar nela e refazer o arranjo para 45 segundos”, diz.
Uma campanha que levou um dia a ser pensada e a ser aprovada pelo cliente e um dia para produzir e a colocar no ar, e que “nos deixou a todos com o coração quente e de lágrima nos olhos, de um momento das nossas vidas que nunca vamos esquecer”.
A maior mudança por estes dias é apenas a morada da agência. “Mudou o facto de, em vez de termos uma Fuel na Avenida da Liberdade, passámos a ter 85 novas agências na casa de cada um dos colaboradores”.
As rotinas de trabalho mantiveram-se, como explica a CEO: “Na segunda-feira mantivemos a nossa reunião semanal, o Refuel, onde partilhamos o que fizemos, o que estamos a fazer e ideias de inspiração para trabalho e tivemos 79 pessoas online no Teams em simultâneo e foi incrível. Nesse dia tive oito reuniões e nem tempo para me levantar e ir beber água tive. Algo que tivemos que rever para os dias a seguir: criar formas de parar, respeitar a hora de almoço. Vão ser enviadas medidas de pausas sugeridas de 30 minutos a meio da manhã e a meio da tarde”.
Tal como Susana Coerver, que além de CEO também é mãe, é preciso “compreensão para quem tem filhos pequenos em casa e tem a vida muito mais complicada. Fazer almoços, jantares, arrumar as cozinhas e a casa ao mesmo tempo que se pensa em criatividade e se faz reuniões de trabalho é super exigente” acrescenta.
A tecnologia permite que as duplas criativas continuem a trabalhar separadas, mas sempre ligadas. “O Teams do Office 365 tem sido uma ferramenta incrível de trabalho. Os clientes a trabalharem connosco online de forma colaborativa. Tem sido um orgulho ver a forma rápida com que nos reajustamos ao tempo de mudança. Temos muitos briefings em curso. Só na segunda-feira entraram 14 novos projetos”.
Não se trata de parar, trata-se de repensar e a todos os níveis. É esta a mensagem que a CEO quer passar à indústria e dizer aos clientes que é importante não desaparecerem da vida das pessoas, nesta hora. “Claro que esta medida terá muito impacto na economia em geral, e no nosso negócio também. O desafio é repensar os briefings, as mensagens e a forma de chegar à vida das pessoas. Como por exemplo, o cliente que tem uma rede de outdoor comprada e que se pensou em oferecer a rede a quem precisa dela neste momento, ou transformar a campanha que estava pensada para um festival, como no caso do Continente, e substitui-la por algo que valoriza quem está a dar a cara na frente do terreno, o reconhecimento. Há muito tempo que defendo as marcas com propósito e esta é a oportunidade de repensarem o que andam a fazer”.
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