Do queijo à lingerie, CTT estão a ajudar a abrir até 90 lojas online por dia
Centenas de pequenas e médias empresas estão a recorrer à nova plataforma dos CTT e do Governo que ajuda a abrir lojas online para a venda de produtos. O ritmo é já de 80 a 90 novas lojas por dia.
Em apenas uma semana, centenas de pequenas e médias empresas recorreram à nova plataforma dos CTT CTT 0,00% para criarem 400 lojas online, na esperança de conseguirem continuar a vender os seus produtos. Desde que a iniciativa “Criar Lojas Online” foi lançada, na quinta-feira da semana passada, em conjunto com o Ministério da Economia e da Transição Digital, o ritmo tem sido de 80 a 90 novas lojas por dia, revelou o administrador João Sousa.
“Desde negócios de queijo a vinhos, lingerie… vamos ajudar a divulgar estes negócios”, disse ao ECO o gestor dos CTT, grupo que tem vindo a lançar uma série de medidas para clientes particulares e para empresas, na tentativa de mitigar os impactos económicos da pandemia do coronavírus e de puxar pelo crescimento da própria empresa de correios. Com os portugueses isolados em casa, o foco da marca é, mais do que nunca, o comércio eletrónico.
“Portugal nunca foi dos países da Europa com maior consumo de ecommerce. Crescia bastante, mas menos do que noutros países”, recorda João Sousa. Mas apesar dos impactos negativos do Covid-19, aos quais nenhuma empresa é imune, a pandemia “alterou esse paradigma”. “Isso é positivo para nós, porque uma das nossas apostas é o segmento do ecommerce“, admite o gestor, em videochamada.
Com a economia e a sociedade a mudarem tão rapidamente, “a empresa CTT, ao ver isto, percebe que tem de se adaptar mais rápido para estar na pole position [liderança]”, explica o gestor. O serviço “Criar Lojas Online” é um exemplo dessa adaptação, com a empresa a propor ao tecido empresarial português uma gestão “rápida e simples” das respetivas lojas virtuais e, claro, a “integração para o envio de todas as encomendas através dos CTT”.
“1.400 a 1.500” pessoas, ou 86% dos trabalhadores do grupo, excluindo o departamento de distribuição, estão já em modo de teletrabalho, fora da sede dos CTT. Há reuniões diárias do gabinete de crise e da comissão executiva, onde se avalia permanentemente o impacto da pandemia nas operações e no negócio do grupo. No terreno mantêm-se os carteiros e outros trabalhadores da distribuição, os quais a administração garante ter feito um “investimento avultado em material” de proteção. Já há, contudo, pelo menos um caso confirmado de Covid-19 entre os trabalhadores do grupo, nomeadamente em Ermesinde.
Com a empresa a preparar-se para publicar os indicadores de qualidade do serviço universal postal — que o presidente executivo, João Bento, já admitiu serem “impossíveis” de cumprir –, João Sousa garante que o momento atual é exemplo do trabalho que a equipa tem vindo a fazer. “É nestes momentos difíceis que se nota que o trabalho que estava a ser feito e continua a ser feito pela empresa estava bem feito. Vem uma pandemia destas e os CTT continuam a trabalhar, a entregar, e todas as outras empresas vêm ter connosco, para sermos motor da economia”, sublinha João Sousa.
Para já, o impacto mais visível da pandemia nos CTT regista-se nos mercados financeiros. A empresa tem afundado em bolsa, acompanhando a derrocada generalizada nos ativos de risco, cotando em mínimos e significativamente abaixo do valor do IPO. “Acho que é uma queda das ações alinhada com tudo o que aconteceu no mercado de capitais”, conclui João Sousa, apesar de reconhecer que a administração “tem sempre pressão para fazer esta ação crescer”.
Evolução das ações dos CTT na bolsa de Lisboa
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