Houseparty é uma burla? App desmente rumores fabricado no Twitter
Milhares de contas no Twitter alegam que a Houseparty é uma burla, mas existem poucas evidências que apontem para uma fuga de dados pessoais. O que se passa afinal com a aplicação do momento?
Estão a surgir milhares de queixas nas redes sociais que alegam que a aplicação Houseparty permite o roubo de informação pessoal, incluindo os acessos a serviços como o Netflix e o Spotify. As queixas estão a ser publicadas quase em simultâneo por várias contas no Twitter. Mas será mesmo assim?
É já o assunto mais falado no Twitter Portugal, mas vamos por partes. A Houseparty é uma aplicação norte-americana criada em 2016. Permite fazer videochamadas com amigos e familiares e jogar jogos em simultâneo. Estas características fizeram com que fosse catapultada para o topo das apps mais descarregadas no país, numa altura em que metade da população está em isolamento por causa do coronavírus. Em meados de 2019, foi adquirida pela Epic Games, a empresa por detrás da saga Fortnite.
Ora, esta segunda-feira, um turbilhão de mensagens lançou o pânico no Twitter: “Alguns dos meus amigos foram burlados pela Houseparty se olhares para o teu feed do Twitter. Eles entram no teu Spotify a partir da Rússia. Podem obter os teus dados bancários e invadir a conta. É muito simples a partir do momento em que aceitas os termos e condições”, lê-se numa das publicações mais partilhadas, escrita em inglês.
Publicamente, o grupo já reagiu ao sucedido. Recorrendo ao Twitter, a Houseparty nega e descarta as acusações: “Todas as contas da Houseparty estão seguras – o serviço é seguro, nunca foi comprometido e não grava as passwords de outros sites”, lê-se na mensagem.
Tweet from @houseparty
E já depois da publicação desta notícia, a Houseparty respondeu também a um primeiro conjunto de perguntas do ECO. Falando numa “confusão”, fonte oficial da empresa garantiu não ter encontrado “qualquer prova que sugira uma ligação entre a Houseparty e o comprometimento de outras contas não relacionadas”.
“Como regra geral, sugerimos a todos os utilizadores que escolham passwords fortes quando criam contas online em qualquer plataforma. Usem uma password única para cada conta, e um gerador ou gestor de passwords para as guardar, em vez de usarem passwords curtas e simples”, sugeriu.
Ainda assim, serão as queixas no Twitter verídicas? Terão as alegadas burlas alguma coisa a ver com a Houseparty? Numa primeira análise, não é imediatamente claro. Uma breve pesquisa em algumas das contas que publicaram as primeiras queixas dão poucos motivos para acreditar que uma pessoa esteja por detrás do ecrã.
É o caso da mensagem citada mais acima neste artigo. Foi publicada por uma conta recente, criada em dezembro de 2019, que se tem praticamente limitado a republicar mensagens de outras contas, incluindo anúncios e pelo menos uma mensagem do presidente norte-americano Donald Trump. À hora de publicação deste artigo, a conta em causa tinha apenas 16 seguidores e 18 mensagens, três delas sobre a Houseparty. Características que vão ao encontro do padrão de conta falsa e operada por bots.
Mas também há queixas em português: “A mim entraram-me na conta Netflix”, alega um utilizador. “Isto explica muito o porquê de me tentarem entrar no Facebook”, responde outro. São mensagens que lançam a dúvida sobre se a Houseparty é mesmo responsável por uma burla massiva, ou está a ser vítima de uma rede massiva de bots que está a lançar o pânico no sentido de a tentar descredibilizar.
Houseparty confirma atividade suspeita no Twitter
Perante estas dúvidas, o ECO voltou a contactar a Houseparty no sentido de obter uma justificação para o sucedido. E, pela primeira vez, a empresa sugeriu ter provas da existência de atividade suspeita no Twitter com vista a prejudicar a sua imagem.
“A nossa investigação concluiu que muitos dos tweets originais a espalhar estes rumores foram apagados e também reparámos em contas do Twitter suspensas“, disse fonte oficial da Houseparty. Evitando revelar o impacto destes rumores na empresa, concluiu apenas: “É uma situação desanimadora para um serviço como o nosso, que está a providenciar às pessoas as conexões sociais e a empatia nestes tempos críticos”.
Segundo reportou a Business Insider, algumas das queixas estão a surgir de contas verificadas — ou seja, contas que o Twitter confirma serem de pessoas reais. Mas o jornal norte-americano também conclui existir poucas evidências que apontem para uma fuga massiva de informação da Houseparty.
De resto, o caso coincide também com um artigo publicado pelo Expresso (acesso pago) este sábado, onde se lê que “depois da análise de vários analistas independentes de cibersegurança, em busca de falhas que possam levar à partilha indesejada de dados, verificou-se que não existem problemas de maior”.
(Notícia atualizada às 21h57 com novas informações oficiais da Houseparty)
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