Groundforce sobre lay-off: “Não havendo voos, as pessoas não têm trabalho”
Com a redução de operação nos aeroportos, Groundforce reduziu necessidades operacionais em 94%. A empresa anunciou que vai colocar 2.400 trabalhadores em lay-off simplificado.
Foram dias de muita “comunicação” e “transparência” que antecederam a decisão tomada pela Groundforce de aderir ao lay-off simplificado na sequência dos efeitos do Covid-19. Face à quebra abrupta de atividade, a Groundforce viu as suas necessidades operacionais reduzirem-se em 96% e isso tem um “impacto gigante em relação aos compromissos” da empresa, explica Eric Teixeira, diretor de recursos humanos da Groundforce, em entrevista à Pessoas/ECO.
“97% da nossa força de trabalho são operacionais, pessoas que trabalham no terreno e em funções que não permitem o teletrabalho. Não havendo voos, as pessoas não têm trabalho. Só nas funções de suporte, é possível garantir o trabalho à distância”, conta o responsável.
Nos primeiros dias em que esses efeitos começaram a sentir-se, a empresa a empresa tomou, de imediato, um “conjunto alargado de medidas oportunas mas insuficientes”. “Temos como princípio manter todos os postos de trabalho e, por isso, aderimos ao regime simplificado de lay-off“.
O processo, contado na primeira pessoa pelo diretor de recursos humanos da empresa, começou por definir necessidades mínimas para assegurar cada aeroporto. “Mesmo sem qualquer voo e em aeroportos sem voos comerciais, temos de assegurar serviços mínimos”, explica o responsável. O passo seguinte foi “assegurar pessoas para cada função que executamos”, de forma a garantir a capacidade de resposta em permanência.
“Escolhemos um grupo de pessoas — de 324 pessoas espalhadas pelos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo — que vai ficar a trabalhar sem qualquer redução de salário”, assinala Eric Teixeira. Os restantes — mais de 2.400 — entram assim em processo de lay-off durante todo o mês de abril mas Eric prevê já que, em maio e junho, a empresa antecipa que possam acontecer o mesmo.
“Todas as pessoas têm-se mostrado bastante compreensivas. Tivemos de adotar, antes do lay-off, medidas mitigadoras, e desde o primeiro momento que as pessoas têm estado alinhadas e comprometidas“, assinala, sublinhando que essa postura está relacionada com uma consciência da “gravidade da situação para a empresa, para o setor e para toda a economia”. “Sabem que a empresa foi forçada a tomar estas decisões sob pena de não garantir sustentabilidade para o futuro”.
Além disso, Eric Teixeira sublinha também a importância do alinhamento dos sindicados. “Temos sentido alinhamento e sentido de responsabilidade por parte de todos os sindicatos face a este contexto de crise — que é inédito e imprevisível. Há uma consciência generalizada da importância de tomar medidas para a empresa conseguir superar este momento que estamos a atravessar”.
Sabem que a empresa foi forçada a tomar estas decisões sob pena de não garantir sustentabilidade para o futuro.
Sobre as medidas que têm sido, ao longo dos dias de pandemia, anunciadas pelo Governo, Eric Teixeira teme que não sejam ainda suficientes. “São precisas medidas adicionais: o lay-off simplificado, por exemplo, está previsto para 90 dias. Mas as empresas terão muita dificuldade em honrar os compromissos e manterem-se ativas se não houver mais medidas. Há setores, como o da aviação certamente, que vão precisar de mais medidas. A aviação depende muito do exterior. E é expectável que o volume de aviação que tínhamos pré-covid demorará, eu diria anos, a voltar ao que era”, afirma.
A Groundforce Portugal anunciou esta quinta-feira que vai colocar mais 2.400 trabalhadores em lay-off, 69 terão o seu horário de trabalho reduzido e os administradores executivos propuseram uma redução de 30% do salário. Em comunicado, a Groundforce disse-se “fortemente afetada pela paragem de quase toda a frota TAP” e pelo “decréscimo abrupto” registado em todas as escalas onde opera por causa da pandemia da covid-19 e adianta que as medidas que a empresa vai adotar foram apresentadas na quarta-feira aos sindicatos.
*Notícia corrigida às 14h42 com a inclusão do aeroporto de Faro, onde a Groundforce também opera (por lapso o aeroporto de Faro não foi incluído na primeira versão publicada).
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Groundforce sobre lay-off: “Não havendo voos, as pessoas não têm trabalho”
{{ noCommentsLabel }}