Comissão Europeia prevê turismo limitado dentro da Europa este verão
Comissão Europeia prevê movimentos turísticos limitados dentro da Europa este verão. Estão previstas perdas nas receitas à volta dos 50% nos hotéis e restaurantes europeus.
A Comissão Europeia disse esta terça-feira prever movimentos turísticos limitados dentro da Europa este verão, para que o setor consiga retomar “a normalidade possível”, e defendeu a mobilização de 20% do futuro fundo europeu de recuperação para estas empresas.
“Espero que possamos começar a viajar dentro da Europa ainda este verão, apesar das atuais restrições [adotadas devido à pandemia de Covid-19], nomeadamente as pessoas que vivem num país e têm família noutro, [pelo que] há que facilitar estes movimentos”, declarou o comissário europeu responsável pelo Mercado Interno, Thierry Breton.
Falando por videoconferência numa audição das comissões de Transportes e Turismo do Parlamento Europeu, a partir de Bruxelas, o responsável garantiu: “Estou a trabalhar todos os dias, com os restantes comissários de áreas semelhantes, para tentar facilitar as viagens num futuro próximo [na Europa], incluindo este verão, para retomarmos a normalidade possível, mas respeitando todas as restrições em vigor”.
“Isto também nos permitirá reabrir, ainda que de forma gradual, as nossas infraestruturas [turísticas] para os nossos cidadãos, de forma a que possam beneficiar da Europa”, acrescentou Thierry Breton.
Frisando que o setor do turismo é um dos mais afetados pela crise gerada pela Covid-19, numa altura em que a população está confinada e sem se poder mover, o comissário europeu admitiu que “esta temporada de verão vai ser particular”.
Segundo as contas reveladas por Thierry Breton na ocasião, estimam-se perdas nas receitas à volta dos 50% nos hotéis e restaurantes europeus, de 70% para operadores e agências turísticas e ainda de 90% para empresas de cruzeiros e de aviação.
Por isso, assegurou que a Comissão Europeia “está a acompanhar de perto” o setor e que vai “fazer tudo o que puder” para garantir apoio financeiro, nomeadamente através de verbas mobilizadas diretamente para estes negócios, nomeadamente os de pequena e média dimensão (que são a quase totalidade).
Thierry Breton defendeu, por essa razão, a alocação de pelo menos 20% do futuro fundo europeu de recuperação económica a este setor, que será discutido na cimeira de líderes da próxima quinta-feira.
Caberá aos chefes de Estado e de Governo europeus decidir nesse dia como é que este fundo vai ser financiado, tendo em vista reconstruir a economia comunitária pós-pandemia.
Já certa é a intenção do executivo comunitário em promover um “debate genuíno” sobre a recuperação do setor, com Thierry Breton a anunciar uma cimeira europeia para o final de setembro.
“Temos de reinventar o turismo do amanhã”, argumentou o comissário europeu, observando que a pandemia “despertou a necessidade de ter um setor resiliente e reinventado, adaptado às realidades económicas, ambientais e tecnológicas”.
Insistindo numa reestruturação do setor ao nível europeu, que visa evitar realidades como o turismo de massa que já causou problemas em locais como Veneza (Itália) ou Barcelona (Espanha), Thierry Breton manifestou a sua “ambição de manter a União Europeia como o maior recetor turístico do mundo, mas reinventando-o”.
“Temos de ter um turismo sustentável, adaptado ao pacto ecológico europeu, que evita a sobrelotação e aposta na proximidade, […] e temos de combinar os operadores tradicionais com os que são altamente tecnológicos”, elencou.
Até lá, de acordo com Thierry Breton, é preciso “lidar com esta crise sem precedentes” no setor turístico, assegurando que “todas as infraestruturas existentes se mantêm intactas”.
A nível global, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 167 mil mortos e infetou mais de 2,4 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
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