Presidente da AICEP antecipa que retoma económica seja “muito gradual”
Luís Castro Henriques, considerou, em declarações à Lusa, que a retoma económica após o estado de emergência resultante da pandemia covid-19 será "muito gradual".
O presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Luís Castro Henriques, considerou, em declarações à Lusa, que a retoma económica após o estado de emergência resultante da pandemia covid-19 será “muito gradual”.
“O que é óbvio é que vai ser tudo muito gradual”, por “vários motivos, e o primeiro é a “segurança e saúde das pessoas”, apontou o responsável.
O segundo motivo é a “assimetria a nível de países”, incluindo a Europa, em que existem “ciclos diferentes e isso vai ter impacto”, acrescentou o presidente da agência responsável por captar investimento para Portugal. “E depois há todo o ajustamento de cadeias logísticas, por isso, considero que [a retoma] será gradual“, sublinhou Luís Castro Henriques.
“O grande objetivo que temos de ter no dia em que se comece a levantar esta restrição grande vai ser correr de volta a 1 de março de 2020“, quando “estávamos a angariar investimento e aumentar exportações”, salientou. Ou seja, será necessário “recuperar o tempo perdido”, apontou.
Luís Castro Henriques disse acreditar na capacidade dos empresários portugueses. “Conseguimos provar que rapidamente depois da saída da troika conseguimos gerar uma dinâmica de crescimento e, sobretudo, de exportações. Já o fizemos, a má notícia é que vamos ter de voltar a fazer”, apontou o presidente da AICEP, salientando que “há alguns segmentos” de negócios que vão continuar a expandir-se, apesar da pandemia da covid-19.
“Estamos a falar de centros de desenvolvimento de ‘software’, serviços ligados à ‘cloud’, serviços digitais que de repente ganham maior premência, serviços de apoio à indústria financeira que são digitais”, entre outros, prosseguiu.
Ou seja, a pandemia do novo coronavírus veio “acelerar a necessidade de maior capacidade” destes segmentos. Luís Castro Henriques sublinhou que Portugal continua a ser competitivo, apesar da pandemia.
“Já éramos competitivos e não há motivos para não sermos competitivos a seguir à pandemia, há uma série de fatores de competitividade que sabemos que são fortes e que se mantêm”, sublinhou o presidente da AICEP.
Questionado sobre o facto de esta pandemia poder levar as empresas a terem unidades produtivas perto de si, evitando interrupções de abastecimentos por a produção estar concentrada numa determinada zona geográfica, como aconteceu na sequência da pandemia covid-19, Luís Castro Henriques considerou que nas áreas da saúde tal pode acontecer.
“Creio que essa vai ser uma variável no pós-crise, ponderar a capacidade e segurança, em cima da eficiência”, mas tal não será simétrico “para todas as indústrias”, referiu.
Ou seja, no caso “de algumas indústrias médicas, de equipamentos de proteção individual ou outras que precisem de abastecimentos seguros e fiáveis”, estas vão ter de a avaliar se terão de incorporar na sua cadeia de valor e logística “um nível adicional para garantir que não haja disrupção e não fiquem em risco”.
“Em alguns produtos vai ser preciso fazer a ponderação”, mas tal não se aplica a todos os setores, considerou Luís Castro Henriques.
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