Hidrogénio verde já arrancou na central térmica da EDP no Ribatejo

Com um orçamento total de 12,6 milhões de euros (10 milhões de financiamento da União Europeia e 2,1 milhões a cargo da EDP), o projeto arrancou oficialmente no dia 6 de abril .

A produção de hidrogénio verde já está a dar os primeiros passos em Portugal. Depois de anunciado pela EDP no final do ano passado, o projeto-piloto de produção de hidrogénio na Central de Ciclo Combinado do Ribatejo “arrancou oficialmente no início deste mês de abril”, confirmou ao ECO/Capital Verde Miguel Patena, diretor de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Internacional da EDP Produção.

Com um orçamento total de 12,6 milhões de euros (10 milhões de financiamento da União Europeia e 2,1 milhões a cargo da EDP), o projeto durará quatro anos (até 2024) e “enquadra-se na estratégia da EDP em procurar soluções de geração de baixo carbono numa perspetiva energética integrada que passará simultaneamente pela eletrificação do consumo e pela produção de combustíveis não emissores de gases com efeito de estufa”, explicou o responsável.

Em plena pandemia de Covid-19 e estado de emergência decretado em Portugal, este projeto arrancou oficialmente no dia 6 de abril e dá pelo nome de FLEXnCONFU – Flexibilize combined cycle powerplant through Power-to-X solutions using non-conventional fuels, no original, em inglês. Será demonstrado em Portugal, Itália e Reino Unido, mas envolve um consórcio internacional liderado pela italiana RINA e formado por 21 parceiros de 10 países, representado por empresas, instituições académicas e de investigação, e associações empresariais. A EDP é líder da demonstração em Portugal e o maior parceiro em volume de investimento.

“Temos grandes expectativas em torno deste projeto, mas estamos cientes das responsabilidades. Numa primeira fase, será necessário ganhar experiência na produção de hidrogénio e na sua reconversão em eletricidade para, mais tarde, através de uma análise aprofundada da cadeia de valor do hidrogénio, estudar as aplicações e os modelos de negócio mais favoráveis no sentido de atingir as metas de neutralidade carbónica até 2050″, disse Miguel Patena.

As ambições da EDP para o hidrogénio verde passam também pela mega unidade industrial que o Governo está a projetar para Sines, em parceria com a Holanda e com o envolvimento de empresas portuguesas, como a EDP, a Galp e a REN. Já classificado como “o maior projeto industrial pós-25 de abril” pelo secretário de Estado da Energia, João Galamba, a estratégia nacional para o hidrogénio verde estava já bem lançada, com a assinatura de um memorando de entendimento prevista para março, que acabou por ser adiada por causa do novo coronavírus. Ao Jornal de Negócios, o Governo confirmou que o projeto continua de pé, mas quaisquer novos passos serão adiados pelo menos até junho.

Com as chaminés da antiga central da EDP em Setúbal derrubadas, Rui Teixeira, presidente EDP Produção, tinha já revelado ao ECO/Capital Verde que na linha da frente para os terrenos da empresa na península da Mitrena estão projetos de energias renováveis, com destaque para a tecnologia solar fotovoltaica e/ou eólica, dependendo “do leilão que for promovido pelo Governo português” em 2020. Mas estes “não são os únicos projetos sustentáveis que podem vir a ser desenvolvidos e que vão ser analisados”, sublinha o responsável. Na mira para Setúbal poderá estar mais um polo de produção de hidrogénio verde da EDP, além de Sines e do Ribatejo. “Não posso excluir esse cenário à cabeça. Mantemos todas as opções em aberto”, disse Rui Teixeira.

Para já é apenas certo que na central de ciclo combinado do Ribatejo (onde é queimado gás natural para produzir eletricidade) os primeiros testes de produção de hidrogénio estão previstos para 2022, a partir de um eletrolisador com capacidade instalada de 1MW e 12 MWh de capacidade de armazenamento. O projeto quer também demonstrar a possibilidade de injeção de hidrogénio nos gasodutos de gás natural, solução que permitirá no futuro ganhar economias de escala na geração, transporte e distribuição de hidrogénio. Outros testes industriais serão levados a cabo em centrais e laboratórios no Reino Unido e em Itália.

A contribuição do hidrogénio para a descarbonização da sociedade será relevante. Aliás, a nossa visão é a de que o hidrogénio pode ser utilizado para resolver o chamado last mile da descarbonização. Se repararmos, a descarbonização da sociedade será feita essencialmente pela eletrificação do consumo, mas há setores em que a eletrificação não resolverá o problema. É neste contexto que o hidrogénio pode desempenhar um papel decisivo e tornar-se uma solução sustentável e de futuro no novo mundo da energia”, disse ainda o diretor de Inovação, Tecnologia e Desenvolvimento Internacional da EDP Produção ao ECO/Capital Verde.

Para o presidente executivo da EDP, António Mexia, “o hidrogénio é uma opção clara no novo mundo da energia. Enquanto líderes da transição energética, estamos continuamente a avaliar e a testar potenciais alternativas de produção de energia. Portugal pode ambicionar estar na linha da frente dos desenvolvimentos do hidrogénio da próxima década e aliar estes progressos ao uso de renováveis, o que é essencial para atingirmos as metas de neutralidade carbónica até 2050″,

Depois do início do projeto, em abril de 2020, as principais datas do projeto passam pelo início das obras de construção na Central do Ribatejo em janeiro de 2022, a montagem do eletrolisador em outubro de 2022, a entrada em serviço em abril 2023 e, por fim, o período demonstração durante um ano, até abril de 2024.

Fonte: EDP

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