Dívida pública encolhe. Portugal usa “almofada” em plena pandemia
Dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal mostram uma diminuição de 596 milhões de euros na dívida.
A dívida pública nacional recuou no mês em que o coronavírus chegou a Portugal. A quebra de 596 milhões de euros face a fevereiro, levou o total do stock para 254.776 milhões em março, segundo mostram os dados divulgados esta segunda-feira pelo Banco de Portugal. Este é o valor mais baixo desde janeiro.
A crise do coronavírus está a pressionar as contas públicas devido à exigência das medidas de apoio à economia. Essa pressão levou a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP a reajustar o programa de financiamento do país e a acelerar as emissões de dívida.
No entanto, esse efeito ainda não se fez sentir na dívida na ótica de Maastricht (a que conta para Bruxelas), que recuou em março, devido à saída de dinheiro dos depósitos do Estado. “Para esta diminuição contribuiu o decréscimo dos títulos de dívida e das responsabilidades em depósitos“, explica o Banco de Portugal.
Os ativos em depósitos das administrações públicas diminuíram em mil milhões de euros, indicando que Portugal está a usar a almofada financeira. Nesse sentido, a dívida líquida de ativos em depósitos das administrações pública registou o sentido contrário: aumentou em 430 milhões de euros para 235.127 milhões.
Total da dívida desce. Excluindo depósitos, sobe
Fonte: Banco de Portugal
Portugal fechou o ano passado com a dívida pública a cair para 249.980 milhões de euros, o equivalente a 117,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Antes da pandemia, o Governo esperava nova queda em 2020, perspetivando um decréscimo para 116,2% do PIB no final do ano. No entanto, o vírus vai mudar estas contas.
O Governo ainda não atualizou as projeções económicas, mas a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a dívida pública portuguesa aumente 17,4 pontos percentuais num só ano. Passaria assim para 135% do PIB.
A concretizar-se, o aumento coloca praticamente de parte o objetivo do Governo de baixar a dívida pública para os 100% até ao final da legislatura. Apesar de ser um novo máximo histórico, os 135% previstos pelo FMI não ficam muito longe do anterior pico registado em 2014 de 132,9% do PIB.
(Notícia atualizada às 11h30)
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