BCE antecipa que países do euro precisem de mais 1,5 biliões de euros em dívida
Estimativa do Banco Central Europeu tem por base necessidades de financiamento para responder às medidas orçamentais que os Estados estão adotar devido à pandemia de Covid-19.
Os países da Zona Euro deverão precisar de ir ao mercado de dívida buscar mais entre 1 bilião e 1,5 biliões de euros devido à pandemia de Covid-19. A estimativa do Banco Central Europeu (BCE) aponta para o aumento das necessidades de financiamento causada pelas medidas orçamentais que tentam travar o impacto do surto na economia.
“O BCE estima que — no nosso cenário médio de uma descida do PIB de cerca de 8% — as necessidades de financiamento adicionais dos governos da Zona Euro, este ano, resultantes da recessão e das medidas orçamentais exigidas poderá exceder 10% do PIB“, anunciou a presidente Christine Lagarde, numa conferência online organizada pelo Instituto Universitário Europeu.
“Esse valor coloca as emissões adicionais de dívida devido à pandemia num intervalo entre 1 biliões e 1,5 biliões de euros, só em 2020“, sublinha a francesa. Tendo em conta que este é o cenário médio e que o pior cenário do BCE aponta para uma queda do PIB de 12%, o montante que os países vão buscar aos mercados poderá ser ainda maior.
Em Portugal, as medidas adotadas pelo Governo até agora para reforçar a resposta do SNS, para proteger o emprego, dar apoio social e salvaguardar a liquidez das empresas terão um custo direto de 2,5% do PIB. Tendo 2019 como referência, a percentagem traduz-se em cerca de cinco mil milhões de euros.
Devido às despesas extraordinárias do Estado, o Governo alargou a margem do Tesouro para se financiar a médio e longo prazo no mercado. No total, são 89 mil milhões de euros em vários instrumentos de financiamento, sendo que no Orçamento do Estado estavam inscritos apenas 46 mil milhões.
Tal como Portugal, outros países estão a fazer o mesmo e aproveitam assim a bazuca do BCE, que lançou o Programa de Compras de Emergência Pandémica (PEPP, na sigla em inglês) com 750 mil milhões de euros. “Vamos fazer tudo o que seja necessário, dentro do nosso mandato, para apoiar a recuperação“, reafirmou Lagarde esta sexta-feira.
“Temos, enquanto união, de estar preparados para este futuro. Como não há culpados por esta crise, temos de assegurar que não há constrangimentos indevidos na resposta política. Nem todos os países estão a reagir da mesma forma, mas cada um tem de ter capacidade de responder como necessário. De outra forma, arriscamos aumentar as assimetrias e sair desta crise com maior divergência económica. Isto realça porque é que uma resposta orçamental comum é tão importante”, acrescentou.
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