Rui Rio pede demissão de Centeno. “Não tem condições para continuar”
O líder social-democrata defende que Mário Centeno deve ser afastado do cargo depois de ter sido "desleal" para com António Costa.
O presidente do PSD defendeu que o ministro das Finanças deve ser afastado do cargo, na sequência da polémica em torno do Novo Banco. Numa publicação nas redes sociais, Rui Rio escreveu que “Não tem condições para continuar!”.
“Se estava mal, com esta prestação na Assembleia da República [onde esteve a apresentar o Programa de Estabilidade, mas também a falar do Novo Banco], Centeno ainda ficou pior“, escreveu Rio esta tarde, no Twitter.
“Não tem condições para continuar! Mal vai um primeiro-ministro que mantém um ministro que não lhe foi leal, que tem a crítica pública do Presidente da República, que a bancada do PS não defendeu e que diz ser irresponsável fazer o que o primeiro-ministro anunciou”, acrescentou.
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Momentos depois destas declarações, Rui Rio voltou a comentar o tema em declarações aos jornalistas, à saída do Parlamento, e afirmou que, se fosse primeiro-ministro e tivesse um ministro como Mário Centeno, “que fez o que fez”, “teria de se demitir ou então ser demitido”. Diz que foi “irresponsável não esperar para se pagar ao Novo Banco. Face a isto, Centeno não tem condições para continuar”, afirmou o social-democrata.
“Estou a dizer o que eu faria, mas tem de ser o Governo a decidir“, referiu, acrescentando que “o primeiro-ministro é que decide quando [Centeno] deve sair e se deve sair. Se não se demitir, deve ser demitido”. Rui Rio disse ainda “não compreender o silêncio ad eternum de António Costa” e que “no fim, se o ministro das Finanças continuar em funções, face a tudo o que aconteceu”, fará “juízo negativo” do primeiro-ministro.
"O primeiro-ministro é que decide quando [Centeno] deve sair e se deve sair. Se não se demitir, deve ser demitido.”
Esta terça-feira, Mário Centeno admitiu, em entrevista à TSF, que houve uma “falha de comunicação” com António Costa relativamente ao empréstimo de 850 milhões de euros ao Fundo de Resolução, que foi posteriormente injetado no Novo Banco. Esta operação foi realizada um dia antes de o primeiro-ministro ter dito no Parlamento que nenhum dinheiro seria entregue ao Novo Banco antes de ser conhecida a auditoria que está em curso.
Mais tarde veio a saber-se que António Costa pediu desculpas ao Bloco de Esquerda e garantindo que não seriam dadas mais ajudas do Estado ao Novo Banco sem que fossem conhecidas as conclusões da auditoria. Ao Expresso, o Gabinete do primeiro-ministro afirmou que este “apresentou desculpas ao Bloco” por ter dado uma resposta “desconhecendo que o ministério das Finanças já tinha feito o pagamento contratualmente previsto”.
Entretanto, esta quarta-feira no Parlamento, Mário Centeno afirmou que António Costa sabia da injeção de 850 milhões de euros para o Novo Banco, uma vez que a decisão tinha passado pelo Conselho de Ministros. “Não, não foi à revelia do primeiro-ministro”, disse o ministro das Finanças.
Também esta tarde, durante uma visita conjunta com António Costa à Autoeuropa, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou concordar com o primeiro-ministro, afirmando que, por si, só se faria o empréstimo ao Novo Banco após a auditoria. “O senhor primeiro-ministro esteve muito bem no Parlamento quando disse que fazia sentido que o Estado cumprisse a as suas responsabilidades, mas naturalmente se conhecesse a conclusão da auditoria” ao Novo Banco, disse o Presidente da República.
Sobre estas declarações do Presidente da República, Rui Rio disse que Marcelo “anda na política há muitos anos” e que “não faz afirmações gratuitas”. “Entendo as declarações como uma crítica ao ministro das Finanças”, completou.
“Nunca esteve, nem está em discussão” a demissão de Mário Centeno
Momentos depois das declarações de Rui Rio, o deputado João Paulo Correia veio transmitir o ponto de vista do PS. Para o socialistas, as declarações de Rui Rio foram “abusivas” e “repugnantes” e o líder do PSD tentou apenas “desviar o que foi o debate desta tarde para uma teoria da conspiração”.
“O debate desta tarde não passou por saber se Mário Centeno foi, é ou será ministro das Finanças. Isso não é minimamente discutível. O ministro das Finanças tem feito um trabalho notável ao serviço do país. E para o PS, nunca esteve nem está em discussão esse tipo de situação”, disse João Paulo Correia, referindo-se à demissão de Mário Centeno.
“Rui Rio quis desviar o assunto do debate desta tarde — em que o PS pôs dedo na ferida — da responsabilidade do PSD quando prometeu ao país um banco bom, que não custaria nada aos contribuintes, e que se veio a revelar um banco péssimo com custos para os contribuintes. Desviar o debate das responsabilidades do PSD pela não venda do Novo Banco em 2015, com elevados custos, e também desviar as responsabilidades naquilo que foi a omissão da verdade sobre o estado e a situação do Novo Banco quando não o conseguirem vender em 2015 porque estavam a poucos dias das eleições legislativas”, afirmou o deputado.
João Paulo Correia não quis comentar as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e terminou afirmando que, para o PS, “o mais importante é explicar aos portugueses porque é que foi feito um novo empréstimo, autorizado pelo Orçamento do Estado para 2020″. “O que fizemos foi explicar que esse empréstimo tem a ver com ativos e créditos tóxicos que transitaram do BES para o Novo Banco e que ainda pesam no Novo Banco”, completou.
(Notícia atualizada às 20h05 com declarações do deputado João Paulo Correia)
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