Santander dá 9 mil milhões em moratórias. “Grande tsunami há de vir quando acabarem”, alerta Pedro Castro e Almeida
CEO Pedro Castro e Almeida antecipa um reforço dos apoios públicos depois do verão, nomeadamente o prolongamento das moratórias por seis meses após o prazo de 30 de setembro.
Os clientes do Santander Totta pediram moratórias de créditos equivalentes a 9 mil milhões de euros. São 82 mil famílias e empresas, que totalizam 25% do crédito a clientes particulares do banco e 40% dos financiamentos a clientes empresariais, segundo dados divulgados pelo CEO Pedro Castro e Almeida, na apresentação dos resultados trimestrais.
“Se estivéssemos no mundo antigo em que são pagos capital e juros, seriam mil milhões de euros pagos até setembro“, afirmou o banqueiro, que antecipa um reforço dos apoios públicos depois do verão, nomeadamente o prolongamento das moratórias por seis meses após o prazo de 30 de setembro. “O grande tsunami há de vir quando acabarem as moratórias”, alertou.
Entre moratórias e linhas de crédito, o banco tem disponível um montante seis vezes superior e rejeita que a banca não esteja a apoiar a economia. “Temos disponíveis para famílias e empresas 6 mil milhões. Se todos estivessem muito aflitos, estaríamos a ver uma procura massiva e não estamos. Além disso, estamos a ver um aumento de depósitos de empresas e de particulares”, disse o banqueiro.
"Temos disponíveis para famílias e empresas 6 mil milhões. Se todos estivessem muito aflitos, estaríamos a ver uma procura massiva e não estamos.”
No que diz respeito às linhas de crédito Covid-19, o Santander Totta aprovou um total de 1,6 mil milhões de euros em créditos ou 98% dos pedidos que chegaram ao banco. As rejeições foram, segundo Castro e Almeida causadas por incumprimento das regras do próprio Governo, incluindo processos especiais de recuperação (PER), prestações em atraso há mais de 90 dias ou resultados negativos há mais de três anos.
Desse total, 940 milhões de euros já foram também aprovados das sociedades de garantia mútua, 380 milhões de euros foram formalizados e outros 250 milhões estão em formalização, sendo esperada a sua conclusão nas próximas duas semanas. Fora do âmbito das linhas protocoladas, o banco concedeu, só em março, 500 milhões de euros em novo crédito.
O processo de aprovação das linhas de crédito Covid-19 não estava preparado para esta avalanche. No espaço de um mês teve provavelmente uma produção equivalente ao que tinha tido nos cinco anos anteriores.
“O processo de aprovação destas linhas não estava preparado para esta avalanche. No espaço de um mês teve provavelmente uma produção equivalente ao que tinha tido nos cinco anos anteriores”, explicou sobre os atrasos na atribuição dos créditos que tem sido alvo de críticas. Castro e Almeida explicou que o processo está a ser revisto e que, nas próximas linhas, espera que seja mais simples.
Além de apoiar a economia através das moratórias e das linhas de crédito, o banco garante ter como prioridade “ajudar a sociedade” com iniciativas solidárias. Estas totalizam já 3,2 milhões de euros. “As empresas e as famílias vão precisar muito do nosso apoio em 2020 e 2021”, refere Castro e Almeida.
“Apoios são insuficientes”, alerta Castro e Almeida
Quanto à recuperação, o banqueiro diz que vai depender muito da situação individual antes do início da crise, sublinhando que famílias e empresas muito endividadas terão dificuldades adicionais. E explica esperar mais apoios no período de retoma da economia.
“Todos os apoios nesta fase são insuficientes. Sentimos isso especialmente de micro-empresas e empresas que já estavam em dificuldade. Pensamos que vão ser precisos apoios no futuro“, disse. “Dentro dos 13 mil milhões das linhas protocoladas, avançou-se para já com 6 mil milhões. Penso que o Ministério da Economia vai libertando liquidez. Penso que está preparada, para as próximas semanas, uma linha para micro. Talvez depois do verão, se voltem a abrir novas linhas”.
Castro e Almeida concorda com a abordagem, dizendo que “seria um erro ter esgotado logo tudo no início” e lembra o peso destas medidas, bem como do lay-off simplificado, para a despesa pública. “A União Europeia vai ter de ser chamada porque não podemos ter países com rácios de dívida de 200%. Não é sustentável”, acrescenta.
(Notícia atualizada às 13h55)
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