Andar de elevador sem carregar nos botões? Thyssenkrupp diz que basta ter à mão um telemóvel
A empresa vai fazer chegar ao mercado dentro de um mês uma nova geração de elevadores livres de qualquer contacto físico. Alvo são hotéis, condomínios e outros edifícios, para reduzir contágio.
Não é preciso recuar muito — dois meses apenas — até um tempo em que andar de elevador ou entrar numa escada rolante era algo que fazíamos muitas vezes ao dia, e quase sem pensar, tal como respirar. Bastava carregar num botão, esperar alguns segundos pelo elevador, entrar e carregar num outro botão com o piso de destino, para chegar lá também em poucos segundos e em segurança. E não era raro entrar num elevador cheio de pessoas, para não perder ainda mais tempo.
Nos dias de hoje, em plena pandemia mundial de Covid-19, tudo mudou. Ou circulamos pelas escadas dos edifícios, quase esquecidas, ou continuamos a andar de elevador, o que se pode revelar uma aventura: desde carregar nos botões com o cotovelo, arriscando acertar noutros pisos não pretendidos, até fazer um compasso de espera para não encontrar os vizinhos ou colegas num espaço mínimo, onde a distância de segurança é impossível.
“Há seis meses, esta questão nem se punha. Aí a prioridade era assegurar que as pessoas eram movimentadas o mais depressa possível, de acordo com as suas necessidades, para o seu destino. Agora é isso tudo e mais a segurança em termos de saúde pública. Os elevadores são espaços confinados onde coabitam várias pessoas ao mesmo tempo, ainda que por pouco tempo, e onde não conseguem manter o distanciamento recomendado. Foi preciso um reajustamento e rápido. O contágio tem a ver com a proximidade e com o toque, o que acontece em elevadores e escadas rolantes. Foi um imperativo de mercado“, explica Ricardo Malheiro, CEO Thyssenkrupp Portugal.
Em resposta a uma necessidade que se tornou urgente de um dia para o outro, a Thyssenkrupp vai fazer chegar ao mercado dentro de algumas semanas, um mês no máximo, uma nova geração de elevadores livres de qualquer contacto físico. Impossível? O CEO garante que não: “Estamos a estudar uma forma de evitar que as pessoas tenham de tocar nos botões. Já temos uma solução que era aplicada apenas em determinadas situações e estamos agora a a adaptá-la para uma nova era sem contacto físico nos elevadores. O desenvolvimento deste produto está praticamente concluído e pode fazer sentido sobretudo em hotéis, condomínios e outros edifícios residenciais, para diminuir os pontos de contágio“.
No entanto, avisa, esta solução não se aplica a todos os casos. “Num hospital já seria mais difícil”, diz o responsável. Isto porque esta nova solução “sem toque” passa por comandar o elevador a partir do telemóvel, por exemplo. “Num hotel, que já tem um sistema interno fechado, pode ser dado aos hóspedes um código para conseguirem ter acesso ao elevador via telemóvel. O mesmo acontece num condomínio. Acredito que em duas ou três semanas, máximo um mês, esta solução poderá estar pronta a ser instalada“, garante Ricardo Malheiro, em entrevista ao ECO.
Em Portugal, a maior parte (70%) do mercado está concentrada na Otis, Schindler, Thyssenkrupp e Kone. A Thyssenkrupp tem um parque instalado cerca de 30 mil equipamentos (entre elevadores, passadeiras e escadas rolantes) localizados em locais emblemáticos como o Aeroporto de Lisboa, estações de metro, Hospital de Santa Maria, Centro Comercial Amoreiras, lojas da Sonae, Hotel Dom Pedro, entre muitos edifícios de escritórios e residenciais.
Pelo mundo, os exemplos são ainda mais famosos: o arranha-céus One World Trade Center, em Nova Iorque, todo o Financial District de Xangai, na China, e ainda os aeroportos do Dubai e de Madrid, onde até as portas de embarque são da marca. “Sem os elevadores, todos estes edifícios deixam de ter qualquer interesse e valor para os seus stakeholders. Neles circulam milhões de pessoas por dia”, sublinha Ricardo Malheiro.
Além desta opção mais radical, sem contacto físico, a empresa tem também na calha outras soluções para fazer face a um futuro em que teremos de conviver lado a lado com o novo coronavírus, tais como a esterilização permanente de corrimões de passadeiras e escadas rolantes, a partir do seu interior e com recurso a uma solução por radiação UV, que destrói organismos como vírus e bactérias em poucos segundos e garante uma taxa de desinfeção de 99,5%.
Há ainda a possibilidade de programar do “cérebro” do elevador para garantir o menor número possível de pessoas em cada viagem, sem paragens em andares intermédios, através de sensores de movimento, de presença e de peso que podem ser instalados em ladrilhos, madeira, gesso, plástico ou vidro. A solução é a ideal para locais de elevada passagem de público e com maior propensão para a propagação de vírus como hospitais, escritórios, centros comerciais, e pode ser personalizada e ajustada a diferentes necessidades e realidades.
“O parque de equipamentos de elevação e mobilidade movimenta muitas pessoas, são infraestruturas essenciais em meio urbano: hospitais, edifícios, hotéis, aeroportos. Quem anda de elevador já não quer só movimentar-se de forma rápida, quer fazê-lo com segurança para a sua saúde. Aí muda o paradigma e temos de nos reinventar. Agora que já se começa a abrir o país para uma nova fase, é natural que tenhamos de adequar a nossa atividade“, diz Ricardo Malheiro. A curto prazo, explica, o mais crítico serão os elevadores e os corrimões de passadeiras e escadas rolantes, tendo em conta que a partir de 1 de junho vão abrir ao público espaços com mais gente, como centros comerciais, entre outros.
O CEO da Thyssenkrupp Portugal garante que as novas soluções vão “virar um standard da própria indústria. No futuro estas questões de esterilização de corrimões e elevadores elevadores sem necessidade de carregar nos botões virão já de raiz, tal como aconteceu com os sensores de estacionamento na indústria automóvel. Os clientes vão querer mais segurança para os utilizadores dos seus equipamentos, cujo preço e contratos de manutenção podem ficar mais caros“, remata.
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