Pandemia pára corrida aos “Ubers”. IMT só certificou 40 motoristas no auge da pandemia
Dados do IMT sobre os novos licenciamentos de empresas de frotas e sobre as novas certificações de motoristas revelam um setor cujo crescimento foi praticamente paralisado pela pandemia.
A pandemia do coronavírus prejudicou a economia como um todo, mas alguns setores foram mais castigados do que outros. Um deles foi o dos transportes, e mais concretamente o do transporte privado, que viu o volume de viagens afundar de um dia para o outro. Mas, neste âmbito, não foi só nas viagens dos “Ubers” que o vírus teve reflexo.
Dados recolhidos pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), cedidos ao ECO, mostram que o volume de certificações e de licenças atribuídas nos meses mais afetados pelo Covid-19 caíram a pique, com variações de quase 100% em alguns casos, comparativamente com o ano passado ou com o período imediatamente anterior à pandemia.
Total de motoristas certificados
É o caso do número de novas certificações de motoristas. Os dados mostram que, em fevereiro, o IMT registou 1.211 novas certificações, um número em linha com as 1.248 registadas em janeiro deste ano. Em março, contudo, este valor caiu para 660 e, em abril, o IMT viu serem atribuídas apenas 40 certificações a novos motoristas, algo necessário para que estes cidadãos possam conduzir veículos ao serviço de empresas como a Uber, Bolt e Kapten dentro da lei. Os dados de maio referem-se apenas à parte incial do mês.
O valor de abril representa uma queda de 96% face a fevereiro, o mês imediatamente anterior ao começo do surto no país, cujo primeiro caso foi detetado a 2 de março. Comparativamente com o mesmo mês de 2019, a queda é de 97%, embora aqui deva ser tido em conta o facto de os primeiros meses de 2019 terem sido marcados por um volume de certificações superior, tendo em conta que a “lei da Uber” tinha acabado de entrar em vigor, volume esse que foi estabilizando ao longo do ano passado.
Já no que toca às licenças atribuídas a empresas para explorarem a atividade de transporte privado de passageiros ao serviço de plataformas eletrónicas, a tendência foi semelhante. Em fevereiro foram atribuídas 311 licenças. Em março ainda foram atribuídas 193. Em abril, porém, este número foi de apenas 24, uma queda de 92% face a fevereiro de 2020 e também de 92% face ao período homólogo.
Total de operadores licenciados
Estas evoluções não permitem retirar a conclusão imediata de que há um menor interesse na atividade. A pandemia gerou disrupção em toda a atividade económica e diversos serviços registaram dificuldades no atendimento presencial, o que pode explicar o deslize nos licenciamentos e certificações. Mas os dados ajudam a compreender o efeito da pandemia no setor das plataformas eletrónicas e numa atividade que se tornou praticamente ubíqua nas maiores cidades do país.
Nesta segunda fase de desconfinamento, marcada reabertura dos restaurantes, espera-se que também o transporte privado recupere algum fôlego. É sinal disso, por exemplo, as medidas de segurança que já foram anunciadas pela líder de mercado Uber. Desde segunda-feira que a empresa obriga motoristas e passageiros a usarem máscara de proteção respiratória, tendo mesmo implementado um sistema que obriga os condutores a submeterem uma selfie como prova de que estão a cumprir com essa obrigação.
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