Bancos devem cortar custos e subir comissões contra o Covid-19. Mas pode não ser suficiente, alerta o FMI

Fundo Monetário Internacional antecipa que as instituições financeiras continuem sob forte pressão mesmo depois da Covid-19. Alternativa pode passar por aumentar a exposição a ativos de risco.

A capacidade dos bancos de gerar lucros está sob forte pressão. Já estava antes do coronavírus e tem agora dificuldades acrescidas, o que deverá levar a um corte nos custos operacionais ao mesmo tempo que reforçam a cobrança de comissões bancárias. É esta a expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI), que alerta que a estratégia poderá, no entanto, não ser suficiente para que a banca regresse aos lucros.

Quando os desafios imediatos acalmarem, os bancos poderão dar passos para mitigar as pressões sobre os lucros, incluindo aumentando as receitas com comissões ou cortando custos, mas será difícil que consigam completamente aliviar as pressões sobre os lucros”, diz o FMI no Relatório de Estabilidade Financeira Global de abril, divulgado esta sexta-feira.

A preocupação do fundo de Bretton Woods é que, para conseguir recuperar, os bancos aumentem a exposição a ativos mais arriscados e, consequentemente, coloquem em causa a estabilidade financeira. “A médio prazo, os bancos poderão procurar compensar os lucros perdidos acumulando riscos excessivos“, aponta.

Se ainda for, as vulnerabilidades do sistema bancário voltarão a acumular, “lançando as sementes de problemas futuros”. Em alternativa, o FMI sugere que as autoridades dos países poderão implementar medidas políticas para limitar a tomada de risco pela banca e “assegurar o adequado fluxo de crédito para a economia”.

Além de um problema de saúde pública, o coronavírus está a revelar-se a causa para a maior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial. Com o emprego e rendimentos afetados, a perspetiva é que famílias e empresas tenham mais dificuldades em cumprir com as obrigações financeiras que têm, o que tem levado, a nível global, a banca a fazer provisões para acautelar as perdas com crédito.

Em Portugal, os quatro principais bancos que já apresentaram resultados registaram provisões de 200,8 milhões de euros para fazer face à crise económica provocada pela pandemia. E o efeito da estratégia já se fez sentir de forma intensa nos resultados do primeiro trimestre de Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander e BPI: os lucros caíram para 246 milhões de euros no primeiro trimestre. O valor representa metade dos 466 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado.

A situação deverá agravar-se já que o primeiro trimestre só foi afetado pelo vírus num mês. A simulação realizada pelo FMI a nove países desenvolvidos indica que “uma grande parte” dos setores bancários “não vão conseguir gerar lucros acima do custo de capital” antes de 2025. É que mesmo após a retoma após o vírus, há fontes de pressão que irão manter-se.

“A rentabilidade tem sido persistentemente um desafio para os bancos em muitas economias desenvolvidas desde a crise financeira global. Apesar de a política monetária acomodatícia ajudar a sustentar ajudou a sustentar o crescimento económico e apoiou os resultados dos bancos, taxas de juro muito baixas comprimiram as margens financeiras”, diz o FMI, acrescentando considerar que “é provável que um período persistente de baixas taxas de juro continue a pressionar a rentabilidade da banca a médio prazo“.

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