Magnata do jogo de Macau Stanley Ho morre aos 98 anos
Um dos homens mais ricos da Ásia há décadas, a sua fortuna pessoal foi estimada em 5,9 mil milhões de euros, quando se reformou em 2018, apenas alguns meses antes do 97.º aniversário.
O magnata do jogo de Macau Stanley Ho morreu esta terça-feira aos 98 anos, em Hong Kong, noticiou a imprensa local.
Figura incontornável no antigo território administrado por Portugal, e um dos homens mais ricos da Ásia há décadas, a fortuna pessoal de Ho foi estimada em 6,4 mil milhões de dólares (5,9 mil milhões de euros), quando se reformou em 2018, apenas alguns meses antes do 97.º aniversário, referiu o jornal South China Morning Post, de Hong Kong, cidade onde vivia.
Exemplo acabado de um self-made man, Stanley Ho fica para a história como o magnata dos casinos de Macau, terra que abraçou como sua e cujo desenvolvimento surge indissociavelmente ligado ao seu império do jogo.
Nascido a 25 de novembro de 1921 em Hong Kong, Stanley Ho fugiu à ocupação japonesa para se radicar na então portuguesa Macau, onde fez fortuna ao lado da mulher macaense, oriunda de uma das mais influentes famílias da altura.
Na década de 1960, conquista com a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), o monopólio de exploração do jogo, que manteve por mais 40 anos, até à liberalização, que trouxe a concorrência dos norte-americanos, ainda assim longe de lhe roubar a hegemonia.
Stanley Ho viria a deixar o seu ‘cunho’ na transformação do território – desde a dragagem dos canais de navegação – uma das imposições do próprio contrato de concessão de jogos – à construção do Centro Cultural de Macau, do Aeroporto Internacional ou à constituição da companhia aérea Air Macau.
Último governador de Macau recorda um “amigo de Portugal e dos portugueses”
O último governador de Macau, Vasco Rocha Vieira, considerou esta terça-feira que o mundo perdeu, com a morte do empresário Stanley Ho, um “amigo de Portugal e dos portugueses”.
“Recordo um homem inteligente, versátil, agradável no trato, respeitador das suas posições e das suas competências”, disse Rocha Vieira, comentando a morte do magnata, que teve o exclusivo do jogo no território durante 40 anos, um império que nem a liberalização do setor lhe retirou progonismo.
No quadro do contrato, o empresário apoiou vários projetos no período de transição, com destaque para o aeroporto, mas ajudou também várias causas sociais no território e o projeto do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa.
“Foi uma personalidade de uma época”, esteve “casado com uma portuguesa de Macau e tinha uma relação afetiva com Portugal”, salientou Rocha Vieira.
Já os seus filhos, que gerem os negócios, com destaque para Pansy Ho, que tem participação no Casino do Estoril, “não têm a mesma ligação a Portugal e aos portugueses, embora haja uma continuidade das relações económicas”.
“São épocas diferentes, relações e ligações afetivas diferentes”, disse.
Quanto ao empresário, Stanley Ho sabia “estar em cada situação de acordo com aquilo que lhe compete: era um homem com quem se podia jogar ténis e no dia seguinte de manhã estar a discutir assuntos importantes para Macau e Portugal”.
O acordo que lhe concedeu exclusividade nos casinos foi assinado ainda durante o Estado Novo e foi respeitado até ao fim, mas Stanley Ho “esteve para lá da sua obrigação do contrato do jogo”, mostrando-se sempre disponível para os pedidos da administração portuguesa.
A Portugal cabia o papel de “retirar o melhor proveito desse contrato”, com apoios em várias ordens enquanto a Stanley Ho o objetivo era “explorar as virtualidades do contrato de jogo”, disse.
Houve sempre um “respeito mútuo muito grande porque havia um resultado positivo” para as duas partes, numa relação fácil, acrescentou Rocha Vieira.
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