Exportações têm a maior quebra desde 2009. Pandemia arrasa turismo
As exportações de bens e serviços contraíram 4,9% no primeiro trimestre, a maior queda desde o terceiro trimestre de 2009. Estavam a crescer há 40 trimestres consecutivos.
Há mais de 10 anos consecutivos, cerca de 40 trimestres consecutivos, as exportações de bens e serviços estiveram a crescer sem parar, fruto principalmente do turismo (serviços) mas também das exportadoras de variados bens. Na maior parte desse período, as exportações estiveram a crescer a um ritmo superior ao do PIB, ganhando “peso” na estrutura da economia portuguesa.
A pandemia veio mudar tudo: as vendas as exterior contraíram 4,9% no primeiro trimestre, em termos homólogos, o que representa a maior queda desde o terceiro trimestre de 2009 (-6,9%), segundo os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no destaque das contas nacionais em que reviu em baixa a estimativa para a variação do PIB no primeiro trimestre de -2,4% para -2,3%.
Em números absolutos, isto significa que o volume de exportações de bens e serviços, que estavam entre os 21 a 22 mil milhões de euros por trimestre, caiu 1.074,5 milhões de euros para os 20.905,7 milhões de euros, semelhante aos valores trimestrais registados em 2017.
Exportações afundam 4,9% no primeiro trimestre
Tanto os bens como os serviços contribuíram para esta quebra, mas nos serviços, em particular o turismo, a queda foi maior, tal como já antecipava o INE no seu destaque: “Para esta evolução, é de destacar a diminuição mais acentuada das exportações de serviços, com uma taxa de variação homóloga de -9,6% (+3% no trimestre anterior), sobretudo em consequência da contração da atividade turística“.
No total, foram menos 667,5 milhões de euros de exportações de serviços. Esse efeito também é visível no consumo privado no território económico, uma componente que engloba não só o consumo privado dos residentes como a dos não residentes (turistas). Este indicador registou uma “expressiva redução da despesa efetuada por não residentes”, tendo contraído 2,2% no primeiro trimestre, em termos homólogos, após um crescimento de 2,7% no quarto trimestre de 2019.
Já as exportações de bens registaram uma diminuição de 2,7%, o que corresponde a menos 407 milhões de euros. Nestes dados não é possível um maior nível de desagregação, mas noutros destaques sobre as exportações de bens já se ficou a saber que as exportações de automóveis foram responsáveis, em grande parte, pela quebra das vendas de bens ao exterior.
Do lado das importações, estas caíram menos (-2%, em termos homólogos) até porque Portugal teve de reforçar algumas compras ao exterior em virtude da pandemia. Ainda assim, esta é também a primeira quebra desde 2013, ano em que o país ainda estava sob a vigilância da troika e com a implementação do programa de ajustamento. A quebra das importações de bens (-250 milhões de euros) foi superior à de serviços (-185,8 milhões).
Assim, a procura externa líquida (exportações descontadas das importações) deu um contributo negativo para o PIB na ordem dos -1,3 pontos percentuais, contribuindo mais para a contração da economia do que a quebra da procura interna (-1 ponto percentual).
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