Casalinho: Juros “poderão ter abandonado os seus patamares mínimos do ciclo”
Cristina Casalinho alerta, num artigo de opinião, para o elevado nível de endividamento da economia portuguesa. Diz que é preciso atuar numa altura em que "os juros terão abandonado os mínimos".
Portugal tem uma das dívidas públicas mais elevadas do mundo, em comparação com a riqueza gerada pelo país. Um rácio expressivo que tem de ser corrigido, diz Cristina Casalinho. É preciso atuar já, tirando partido de um contexto de taxas de juro baixas que, alerta a presidente do IGCP, terão “abandonado os seus patamares mínimos do ciclo”.
“A dívida portuguesa é elevada – é uma das mais altas do mundo em termos de PIB. Este resultado advém de significativos níveis de endividamento público e privado”, refere a responsável pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios.
Perante este cenário, “importa atuar em duas vertentes (naquelas em que se detém algum controlo): aumentar a poupança e acelerar o crescimento num contexto de taxas de juro reduzidas, que poderão ter abandonado os seus patamares mínimos do ciclo”, refere.
Portugal tem beneficiado do programa de compras de dívida do Banco Central Europeu, medida lançada por Mario Draghi para estimular a Zona Euro. A “bazuca” levou as taxas da dívida para mínimos, mas com os sinais de que a política monetária está a produzir efeitos, o mercado começa a incorporar o fim destas compras. E os juros da dívida nacional estão a subir. A taxa a 10 anos está cada vez mais perto dos 4%.
Para que haja uma menor pressão dos mercados sobre a dívida pública é preciso que Portugal consiga apresentar taxas de crescimento mais elevadas, que aumentem a visibilidade sobre a sua sustentabilidade. É por isso que Casalinho diz que é preciso acelerar o crescimento, algo que não tem sido fácil. Um dos fatores que travam o potencial da economia é a demografia.
“Como economias mais fortes que a portuguesa provam, torna-se difícil assegurar ritmos de crescimento sustentável superiores a 1% com taxas de natalidade reduzidas quando não compensadas por saldos migratórios positivos”, refere a responsável do IGCP.
Neste sentido, diz, “é imperioso adotar políticas de natalidade ativas a par de medidas de estímulo a saldos migratórios positivos (como a atração de imigrantes, preferencialmente com qualificações presentemente em falta no mercado nacional de trabalho)”, conclui.
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