Estas empresas estão a despedir por causa da crise. Já há mais 100 mil sem emprego
As menores perspetivas de negócio por causa da pandemia levaram algumas empresas a cortar no pessoal. Sustentabilidade dos negócios é a principal justificação.
O que começou como um problema sanitário rapidamente se transformou numa crise económica sem precedentes. A pandemia do coronavírus paralisou a atividade de muitas empresas, atirando a economia global para uma recessão. E há já milhares de trabalhadores empurrados para o desemprego.
Dados do Governo apontam para mais de 100 mil novos desempregados (para um total de quase 400 mil) inscritos nos centros de emprego desde meados de março, altura em que foi decretado o estado de emergência. O número só não é superior graças ao regime de lay-off, do qual beneficiaram pelo menos 800 mil de trabalhadores desde o final de março.
Estes aumento do número de desempregados é ainda uma pequena parte do que se prevê irá acontecer. O Executivo prevê fechar o ano com uma taxa de desemprego de 9,6%, com um aumento dos despedimentos nos próximos meses. E esses começam a ser revelados, aos poucos.
Se muitos dos despedimentos são resultado de negócios que não aguentaram a crise, encerrando as portas definitivamente, também há outros que resultam do facto de as empresas estarem já a ajustar-se para enfrentarem os tempos desafiantes que se adivinham. Mesmo algumas das maiores empresas estão a anunciar a saída de colaboradores.
Galp corta 3% com rescisões e pré-reformas
Duplamente “apanhada” pela pandemia, que prejudicou a economia como um todo e resultou numa menor procura por combustíveis, a Galp Energia deu início a um programa de rescisões e pré-reformas. A intenção do grupo presidido por Carlos Gomes da Silva é a de cortar a equipa em 3%, uma decisão que, dada a dimensão da empresa, deverá abranger cerca de duas centenas de pessoas. O contexto “desafiante”, “em particular para o setor energético” é a justificação dada para a medida.
Lauak deve despedir 200 pessoas
A Lauak, uma empresa de componentes para a indústria aeronáutica, deverá avançar com o despedimento coletivo centenas de trabalhadores. O número final tem variado, com a administração a manter reuniões com os sindicatos e com representantes do Ministério do Trabalho nos últimos dias. O número mais recente, avançado pela RTP, aponta para que 200 pessoas estejam de saída. A empresa regista uma quebra de 70% nas suas encomendas e já fechou duas unidades em França.
Unbabel despede 35% dos trabalhadores
A Unbabel foi das primeiras startups a avançar com despedimentos por causa do Covid-19 em Portugal. Meses depois de ter fechado uma ronda de capital de 60 milhões de euros, a empresa de software para tradução anunciou em abril um plano de reestruturação para “garantir a continuidade e a sustentabilidade” do negócio. Em causa esteve um corte de 35% nos 250 trabalhadores, atirando para o desemprego mais de 80 pessoas. O líder da Unbabel, Vasco Pedro, assumiu no Facebook que, devido à pandemia, “as projeções de crescimento” foram “substancialmente reduzidas”.
Uber elimina 30% da equipa em Lisboa
A Uber tem em curso um plano para despedir 30% da equipa do Centro de Excelência de Lisboa, no qual são prestados serviços de apoio às operações em diversas línguas para mercados como Portugal, Espanha e França. Até aqui, o centro empregava perto de 500 pessoas, pelo que o corte deverá afetar cerca de 150 trabalhadores da empresa. A Uber, dirigida em Portugal por Manuel Pina, explicou que “esta decisão muito difícil” foi “necessária para ajudar a proteger a sustentabilidade” do negócio “a longo prazo”.
Super Bock despede 10% da força de trabalho
O grupo Super Bock anunciou este mês um plano de reajustamento no negócio que resultará na saída de 10% dos trabalhadores, o que equivale perto de 130 pessoas. O grupo liderado por Rui Lopes Ferreira justificou a decisão com a “significativa redução da atividade” provocada pelo Covid-19, assim como “o cenário de recessão previsto para o futuro próximo”. Segundo a empresa, que também detém marcas como Somersby e Pedras Salgadas, o corte incide sobre “diferentes áreas da organização” e já foi formalmente comunicado à Comissão de Trabalhadores.
Revolut rescinde com 10% do escritório
No ano passado, a Revolut instalou numa antiga fábrica de conservas de Matosinhos a segunda maior unidade que tem na Europa. As perspetivas eram de fazer crescer a equipa, mas a fintech britânica não contava com o impacto da pandemia no consumo. Chegados a junho, a equipa da Revolut está mais pequena. O banco digital dirigido por Ricardo Macieira desencadeou um processo de rescisões por “mútuo acordo” que já levou à saída de 11 trabalhadores permanentes, cerca de 10% da equipa. Somando os profissionais que foram para outras empresas desde o início do ano, o número de saídas aumenta para 16.
Corte na Ryanair também afeta Portugal
Inserida num dos setores mais castigados pela crise pandémica, a companhia aérea Ryanair anunciou um plano para eliminar perto de 3.000 postos de trabalho a nível global. Não existem números concretos por país, mas é quase certo que as operações da empresa em Portugal também vão ser afetadas. “Alguns deles provavelmente serão em Portugal”, admitiu à Lusa o presidente executivo da empresa, Eddie Wilson.
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