Trump afirma ter pedido diminuição da despistagem do Covid-19
Donald Trump disse, no sábado, aos apoiantes reunidos em Tulsa, Oklahoma, que a despistagem da doença era "uma faca de dois gumes": quando se faz mais testes, são encontrados mais casos.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, declarou ter pedido às autoridades sanitárias para diminuírem o ritmo de despistagem do Covid-19 devido ao aumento de casos diagnosticados no país, o mais atingido no mundo pela pandemia.
Sem deixar claro se falava à sério, Donald Trump disse, no sábado, aos apoiantes reunidos em Tulsa, no estado de Oklahoma, que a despistagem da doença era “uma faca de dois gumes”.
“Eis o lado mau: quando se faz este volume de testes, encontramos mais pessoas, mais casos”, explicou, durante o primeiro comício para retomar a campanha para a reeleição presidencial, organizado durante a epidemia nos EUA.
“Então disse à minha equipa para diminuir o ritmo da despistagem. Eles fazem testes e testes…”, acrescentou Trump, cuja gestão da crise sanitária nos EUA é alvo de críticas de todos os quadrantes.
Sem se identificar, um responsável da Casa Branca indicou, de imediato, que o Presidente estava “evidentemente a brincar para denunciar a cobertura mediática absurda”.
Seis membros da equipa de campanha de Trump receberam testes positivos para o Covid-19 e foram colocados sob quarentena, algumas horas antes do início deste comício. Até aqui bastante poupado, o estado de Oklahoma regista agora um forte aumento de casos.
Os EUA são o país mais atingido pelo Covid-19, com mais de 2,2 milhões de casos e quase 120 mil mortos, numa população de 300 milhões de habitantes.
Se Biden chegar ao poder, será “o fim dos EUA”
Na intervenção, Trump retomou os ataques contra o adversário democrata na corrida à Casa Branca, o antigo vice-Presidente Joe Biden, ao mesmo tempo que voltou a responsabilizar a China por não ter controlado a propagação do novo coronavírus.
Se Biden chegar ao poder, será “o fim dos EUA” já que estará “controlado pela esquerda radical”, advertiu o candidato republicano.
O comício decorreu num estádio com capacidade para 19 mil pessoa e que a campanha de Trump tinha prometido encher. As imagens difundidas mostravam bancadas vazias.
Um outro evento previsto no exterior do recinto, em que devia participar também o vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, foi cancelado horas antes devido à baixa afluência.
A data e o local escolhidos por Trump para este comício vieram aumentar as tensões raciais que se vivem nos Estados Unidos desde o homicídio do negro George Floyd às mãos de um polícia branco em Minneapolis, em finais de maio. Este homicídio desencadeou uma onda de protestos sem precedentes em todo o país.
Tulsa foi palco de um dos piores massacres de afro-americanos da história, quando em 1921 cerca de 300 negros foram assassinados por grupos brancos.
O comício de Trump estava inicialmente previsto para decorrer na sexta-feira, 19 de junho, data conhecida como “Juneteenth” e que comemora a abolição da escravatura nos EUA.
“Somos o partido de Abraham Lincoln e o partido da lei e da ordem”, salientou Trump, numa referência ao Presidente republicano que apoiou a abolição da escravatura em plena guerra civil (1861-1865).
Sobre as manifestações generalizadas, que levaram ao derrube de várias estátuas e monumentos da Confederação, que integrou os estados do sul e esclavagistas que se rebelaram contra o resto do país, a União, o Presidente norte-americano acusou os manifestantes de serem “anarquistas e incendiários”.
“Querem demolir a nossa herança (…) Devíamos ter legislação para prender durante um ano quem queimar a bandeira e a pisar”, declarou.
Depois de Oklahoma, Trump tem previstos, nas próximas semanas, comícios na Florida, no Arizona e na Carolina do Norte, todos estados que podem decidir o resultado das eleições presidenciais de 03 de novembro.
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