Bancos portugueses entre os menos expostos aos setores da crise
Banco de Portugal alerta para a "significativa" exposição da banca aos setores mais afetados pela pandemia. Ainda assim, os bancos nacionais estão entre os menos expostos aos setores com maior risco.
A banca portuguesa está menos exposta aos setores mais afetados pela crise do novo coronavírus do que a generalidade dos bancos europeus. A conclusão é do Banco de Portugal que considera, ainda assim, que a exposição do crédito às empresas mais sensíveis ao impacto da pandemia é “significativa”.
“Apesar de inferior à observada na generalidade dos outros países da área do euro considerados, a exposição do setor bancário a sociedades não financeiras (SNF) por via de empréstimos aos setores mais sensíveis aos efeitos da pandemia é significativa”, sublinha o Banco de Portugal no Relatório de Estabilidade Financeira divulgado esta quarta-feira.
De acordo com a análise do supervisor, 61% da carteira de empréstimos dos bancos nacionais está exposta aos oito setores considerados mais sensíveis, de onde se destacam o setor das indústrias transformadoras e o setor do comércio por grosso e a retalho e reparação de veículos automóveis e motociclos. É o valor mais baixo de uma lista de países que inclui bancos da Alemanha, França, Holanda ou Finlândia. Irlanda regista o valor mais elevado, com 73% do crédito exposto às atividades que mais estão a ser castigadas pela crise, devido sobretudo ao crédito relacionado com atividades imobiliárias.
Mesmo considerando o peso dos créditos mais “arriscados” no total dos ativos ponderadores pelo risco, a banca portuguesa sai bem na fotografia europeia.
“Para Portugal, a exposição aos oito setores mais sensíveis em percentagem dos ativos ponderados pelo risco situava-se em 28%, o valor mínimo no conjunto de países considerados”, indica o Banco de Portugal. No outro extremo está a Holanda, onde este indicador se situa em 53%.
Banca mais exposta a empresas com baixa liquidez
O supervisor lembra que a magnitude do impacto da pandemia sobre os diferentes setores da economia também vai depender a própria situação financeira das empresas. E, neste capítulo, “uma dimensão que assume particular importância no atual contexto é a liquidez”.
O Banco de Portugal recorre ao rácio entre o dinheiro em caixa e depósitos e as necessidades de financiamento de curto prazo para avaliar a capacidade da empresa para cumprir com as responsabilidades de curto prazo. Valores mais reduzidos do rácio significam que a empresa está mais sensível, em termos de liquidez, ao prolongamento da pandemia.
De acordo com a análise à capacidade financeira das empresas, o Banco de Portugal adianta que a carteira de empréstimos apresenta “significativa exposição” a empresas com baixa liquidez, “em particular em alguns dos setores identificados como mais sensíveis”.
O supervisor avisa ainda que alguns setores se caracterizam por “conjugar fragilidades ao nível da liquidez e do capital”.
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