Salgado e outros 14 acusados do caso GES receberam mais de 90 milhões
Investigação à queda do Grupo Espírito Santo mapeou pagamentos realizados a 14 dos acusados, entre 2008 e 2014. Acusação diz que parte do dinheiro serviu para Salgado "comprar" gestores.
A começar por Ricardo Salgado, acusado de 65 crimes, entre eles, de associação criminosa, e passando por outros dois membros da família Espírito Santo e ex-gestores do Grupo Espírito Santo (GES), incluindo Amílcar Morais Pires, Francisco Machado da Cruz e José Castella (entretanto falecido), 14 das personalidades que foram alvo de acusação da parte do Ministério Público na investigação ao “Universo Espírito Santo” receberam mais de 90 milhões de euros entre 2008 até depois da queda do BES, em agosto de 2014.
Dos três membros da família Espírito Santo que foram acusados neste mega-processo, Ricardo Salgado foi quem mais recebeu: 18,56 milhões de euros entre rendimentos de trabalho dependente (5,8 milhões) e rendimentos obtidos no estrangeiro (cerca de 12,8 milhões que entraram na esfera patrimonial de Ricardo Salgado a título de pagamento de alegados prémios, ou honorários, auto atribuídos em total desconsideração pela situação patrimonial do GES, segundo a acusação).
Já os primos de Ricardo Salgado e ex-administradores do BES José Manuel Espírito Santo e Manuel Fernando Espírito Santo, também acusados, obtiveram rendimentos de 11,8 milhões e 10,6 milhões, respetivamente.
Quanto aos pagamentos feitos a ex-gestores e ex-responsáveis do GES, num total de 50 milhões de euros, a acusação considera que foram a “recompensa patrimonial” de Ricardo Salgado para que “não cumprissem as funções para que foram contratados pelas diversas instituições do grupo”, nomeadamente BES, ESAF, ESFG e Rio Forte.
“Atuaram movidos de propósitos egoístas de enriquecimento patrimonial assentes num pacto sucessivamente renovado que vigorou pelo menos desde 2009, e, pelo menos, até à data em que Ricardo Salgado abandonou funções no BES, a 13.07.2014, para o pagamento de dinheiro a troco da violação de deveres funcionais”, refere a acusação para explicar os pagamentos feitos neste período.
Lista de pagamentos do GES
Nesta lista está Amílcar Morais Pires, ex-administrador financeiro do BES, visto como o braço-direito de Ricardo Salgado e acusado de crime de associação criminosa, corrupção passiva e vários crimes de burla qualificada, entre outros, que foi quem mais recebeu de todos, incluindo família: cerca de 28,2 milhões de euros.
Já Isabel Almeida, ex-diretora do Departamento Financeiro, Mercados e Estudos do BES, auferiu rendimentos de 4,2 milhões, num grupo que conta ainda com outros ex-gestores do banco: António Soares, Pedro Serra, Pedro Pinto, Nuno Escudeiro, Cláudia Faria, Paulo Ferreira, Pedro Costa.
[Os ex-gestores acusados] atuaram movidos de propósitos egoístas de enriquecimento patrimonial assentes num pacto sucessivamente renovado que vigorou pelo menos desde 2009, e, pelo menos, até à data em que Ricardo Salgado abandonou funções no BES, a 13.07.2014, para o pagamento de dinheiro a troco da violação de deveres funcionais.
A lista de pagamentos inclui ainda Francisco Machado da Cruz, antigo supervisor das contas da ESI e das holdings não financeiras do GES, que recebeu naquele período cerca de 2,6 milhões de euros, e José Castella, ex-controller financeiro do GES e um dos principais arguidos do caso que faleceu no passado mês de março, que recebeu 7,2 milhões.
Grande parte destes pagamentos foram feitos no estrangeiro, através de sociedades constituídas em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas e Panamá, tendo o dinheiro passado também por contas Suíça e Luxemburgo.
De acordo com a acusação, o produto do crime e os prejuízos causados neste processo ascenderam a 11,8 mil milhões de euros. Há, ao todo, 25 acusados: 18 pessoas e sete empresas.
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